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Dia do folclore: lendas amazônicas refletem tradição e respeito pela natureza

Postado em 22 de Agosto de 2024


No Dia do Folclore, celebrado nesta quinta-feira (22), o g1 relembra histórias que são representações da conexão entre a comunidade e o meio ambiente.

Uirapuru-verdadeiro é mencionado em diversas lendas amazônicas, canções folclóricas e populares Victor Castanho/VC no TG Quem nunca ouviu falar do curupira, do boto cor-de-rosa ou da vitória-régia? As lendas atravessam gerações carregando a identidade e a sabedoria dos povos tradicionais amazônicos.

No Dia do Folclore, celebrado nesta quinta-feira (22), o g1 relembra histórias que são representações da conexão entre a comunidade e o meio ambiente. Participe do canal do g1 AM no WhatsApp O folclore brasileiro, um conjunto de costumes, crenças e saberes tradicionais, é vasto e diverso, variando de região para região.

No Amazonas, as lendas vão além das "histórias de pescador" e, para o folclorista e historiador, Nonato Torres, os contos não são simples relatos, mas uma forma de sabedoria ancestral. "Elas oferecem uma visão rica e multifacetada de como esses povos compreendem e valorizam o mundo natural, refletindo uma profunda conexão e respeito que moldam suas práticas e tradições até os dias atuais", afirmou Torres. Lendas amazônicas Em meio a vasta riqueza cultural da Amazônia, o g1 selecionou x lendas que se mantém vivas até os dias de hoje no imaginário popular. Cobra Grande A lenda da Cobra Grande, também conhecida como Boiúna, conta a história de uma enorme serpente que habita nos rios da Amazônia e tem capacidade de mudar o curso das águas.

Há quem diga que o animal sai do fundo dos rios para atacar barcos e devorar pescadores. Em algumas partes da região, a lenda também diz que a cobra engravidou e teve dois filhos: o bondoso Honorato e a cruel Caninana.

Um dia, os irmãos travaram uma grande luta mortal, até que Tupã interferiu e das cobras surgiu uma linda mulher. Uirapuru Em muitos lugares, acredita-se que o Uirapuru é um pássaro mágico, e quem o encontra pode ter um desejo realizado. A lenda diz que um jovem guerreiro indígena apaixonou-se pela filha do grande cacique e, sem a aprovação dele, não podia se aproximar de seu amor.

Para que pudesse ficar perto da mulher amada, pediu ao deus Tupã que o transformasse em um pássaro com um canto maravilhoso. Um dia o cacique ouviu o canto do Uirapuru, ficou fascinado e, ao tentar capturar o pássaro, se perdeu na floresta e nunca mais foi visto.

Matinta Pereira Segundo a lenda, Matinta Pereira é uma entidade que ronda a floresta com um assobio agudo e horripilante.

Quem a escuta deve prometer tabaco ou fumo, que é recolhido no dia seguinte por uma senhora idosa.

Reza a lenda que a velha senhora é uma pessoa da região que carrega a maldição de se tornar Matinta Pereira. A crença popular diz que a entidade ajuda a proteger a fauna e a flora, espantando caçadores e madeireiros.

Também é difundido que quando a idosa está preste a morrer, ela pergunta: “Quem quer?".

Se alguém responder “eu quero”, pensando em se tratar de alguma riqueza, recebe na verdade a a maldição de ‘virar’ Matinta Perera. Reflexo cultural Nonato destaca ainda que as lendas amazônicas desempenham um papel fundamental na compreensão da relação entre as comunidades e a natureza, já que seus moradores percebem e interagem com o o meio ambiente ao seu redor. "Na Amazônia, as lendas muitas vezes personificam elementos da natureza, transformando animais, plantas e fenômenos naturais em personagens dotados de intenções e emoções", esclareceu. O historiador destaca a lenda do boto cor-de-rosa, em que o animal se transforma em um jovem atraente para seduzir as mulheres.

Para ele, o conto explica e codifica as complexas relações entre os seres humanos e as criaturas do rio, bem como os riscos e maravilhas da vida nas águas. Além disso, essas histórias acabam assumindo, por muitas vezes, o papel de ensinar sobre práticas sustentáveis e respeito pela natureza. Também é possível notar que as lendas refletem as próprias experiências e crenças de cada povo, que têm visões diferentes sobre um mesmo conto.

Enquanto algumas comunidades ribeirinhas vêem o jovem boto cor-de-rosa como benevolente e encantador, outras o enxergam com uma pessoa mais traiçoeira e ameaçadora. Apesar de populares, a preservação dessas histórias ou lendas tem sido ameaçada por uma série de desafios, entre eles a migração e o deslocamento das comunidades indígenas e ribeirinhas.

Ao g1, o folclorista apontou como garantir que essas tradições orais se mantenham vivas. "É essencial que haja políticas públicas voltadas para a valorização das culturas tradicionais, iniciativas de educação intercultural que promovam o respeito e o conhecimento das tradições orais entre os mais jovens, e esforços de documentação e revitalização das línguas indígenas", finalizou.

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