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Veja o que se sabe e o que falta saber sobre queda de avião da Voepass após divulgação de relatório inicial do Cenipa

Postado em 07 de Setembro de 2024


Reporte preliminar não trouxe as causas do acidente, mas apontou linhas de ação que devem ser seguidas e os pontos que ainda precisam ser aprofundados pelos investigadores.

Foto mostra local da queda em Vinhedo Claudia Vitorino/ Arquivo pessoal Durante a divulgação do relatório preliminar sobre a queda do avião da Voepass nesta sexta-feira (6), o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) não apontou as causas do acidente, mas antecipou os itens que devem ser analisados e aprofundados para a elaboração do relatório final da tragédia. O acidente aéreo aconteceu no dia 9 de agosto, em Vinhedo (SP), com aeronave ATR 72-500 que fazia o voo 2283, entre Cascavel (PR) e Guarulhos (SP).

Os 58 passageiros e os quatro tripulantes morreram na queda do avião. O documento inicial apresentado pelo Cenipa nesta sexta trouxe informações relevantes sobre o acidente, como o fato da tripulação ter relatado uma falha no sistema antigelo, mas não conseguiu confirmar, com base nos dados da caixa-preta de dados, se isso de fato aconteceu e impactou o desempenho da aeronave. Cronologia da queda: caixas-pretas revelam, segundo a segundo, o que aconteceu com avião que caiu em Vinhedo Menos de 2 minutos antes da queda, alerta no painel avisou tripulação da Voepass que gelo prejudicava voo Simulação do Cenipa reproduz queda do avião da Voepass em Vinhedo O Cenipa evitou apontar uma linha principal de investigação, mas o relatório preliminar do órgão cita a averiguação dos sistemas de degelo da aeronave e a análise do desempenho técnico dos tripulantes como "linhas de ação" dos investigadores para a construção do relatório final. O relatório final não tem prazo para ser divulgado, mas o coronel Carlos Henrique Baldin, chefe de investigação do Cenipa, afirmou, durante a coletiva de imprensa em Brasília (DF), que o compromisso do órgão é publicar no menor prazo possível o documento que deve apontar os fatores que contribuíram para a tragédia. Em nota divulgada após a apresentação do relatório do Cenipa, a Voepass afirmou que o relatório preliminar concluiu que o avião estava com a documentação em dia e a tripulação devidamente apta a voar.

Afirmou, ainda, que "somente o relatório final do Cenipa poderá apontar, de forma conclusiva, as causas do ocorrido". Com base no reporte preliminar, confira abaixo o que se sabe e o que falta saber sobre a queda do avião da Voepass: Manutenção da aeronave Aeronave e tripulação estavam com documentação em dia, mostra reporte preliminar do Cenipa O que se sabe: o avião estava com registros de manutenção atualizados e em dia e não havia nada que impossibilitasse a decolagem; O que falta saber: se as manutenções foram feitas com qualidade; Treinamento dos pilotos O que se sabe: os pilotos tinham treinamento específicos para voos em condições de gelo realizados em simuladores e estavam com os documentos em dia. O que falta saber: se os pilotos conseguiram executar, diante de aspectos humanos (situação psicológica) e operacionais (desempenho técnico), aquilo que haviam sido treinados. Sistema antigelo da aeronave Chefe do Cenipa comenta fala de tripulantes sobre falha em sistema de gelo das asas O que se sabe: nas gravações, foi possível ouvir que os pilotos relatam uma falha no sistema responsável pelo degelo das asas, mas o gravador de dados não confirmou, no primeiro momento, essa falha.

Além disso, a caixa-preta revelou que o sistema antigelo ligou três vezes e desligou duas vezes durante o voo e, por conta disso, o avião voou seis minutos com aviso de gelo sem que o sistema de degelo estivesse ligado. O que falta saber: se realmente houve uma falha no sistema antigelo e entender se o ligamento e desligamento desse dispositivo aconteceu por falha operacional da aeronave ou por intervenção dos pilotos. Cenipa fala sobre desligamento do sistema de antigelo do avião da Voepass Condições meteorológicas O que se sabe: antes da decolagem em Cascavel os radares meteorológicos já apontavam risco de formação de gelo severo na altitude em que a aeronave passaria no estado de São Paulo. O que falta saber: a temperatura e umidade exatas no horário do acidente para compreender o tamanho e quantidade de formação de gelo que havia sob a atmosfera. Comunicação com o controle do tráfego aéreo Não é possível dizer, até momento, se pilotos erraram ao não declarar emergência, diz FAB O que se sabe: que embora tenham pedido à torre em São Paulo para descer de altitude, em nenhum momento os pilotos declararam emergência diante da situação de gelo severo. O que falta saber: se os pilotos erraram ao não declarar emergência ou se os sistemas da aeronave não os alertaram sobre a situação de perda de sustentação da aeronave. Recomendações à aviação Cenipa diz não ter visto necessidade de, até o momento, expedir recomendações de segurança Segundo o brigadeiro Marcelo Moreno, chefe do Cenipa, as informações levantadas até o momento pela investigação ainda não demonstram a necessidade do órgão expedir recomendações aos órgãos de aviação civil do Brasil.

O militar, no entanto, explicou que isso pode acontecer ao longo da apuração. Linhas de ação Segundo o Cenipa, com base nos dados obtidos por meio dos gravadores (caixas-pretas) de áudio e de dados e a partir das informações colhidas junto ao operador da aeronave (Voepass) e do seu fabricante (ATR), a investigação seguirá três principais linhas de ação: Fatores Humanos: explorar os condicionantes individuais, psicossociais e organizacionais relacionados ao desempenho da tripulação ante a situação vivenciada; Fator Material: averiguar a condição de aeronavegabilidade, com especial atenção aos sistemas Anti-Icing, De-Icing (antigelo) e de proteção contra stall (perda de sustentação) a aeronave; Fator Operacional: analisar os aspectos relacionados ao desempenho técnico dos tripulantes e dos elementos relacionados ao ambiente operacional no contexto do acidente. Investigação da Polícia Federal Em paralelo à investigação do Cenipa, a Polícia Federal (PF) também apura as razões do acidente por meio de análises dos dados de componentes e caixas-pretas do avião.

LEIA MAIS: PF começa a analisar caixas-pretas e dados técnicos de avião da Voepass que caiu em Vinhedo Caixas-pretas gravaram vozes e dados relacionados à queda de avião em Vinhedo Saiba quais dados caixa-preta de avião que caiu em Vinhedo tinha autorização para não registrar e qual o impacto na investigação A investigação acontece de forma conjunta entre os dois órgãos.

Diferentemente do Cenipa, que apura as causas para apontar melhorias e evitar futuras tragédias, a investigação da polícia busca verificar se existem pessoas que devam ser responsabilizadas criminalmente pela tragédia.

Por isso, a PF vai produzir, paralelamente ao relatório final do Cenipa, um Laudo de Sinistro Aeronáutico.

Para a produção dele, peritos criminais do Instituto Nacional de Criminalística vão acompanhar todos os exames, ensaios e testes realizados no Cenipa, incluindo análise dos destroços, do motor, das caixas pretas e outros. Segundo a corporação, esse documento é importante porque traz aspectos técnicos e científicos acerca do acidente aéreo que, confrontados com testemunhas, podem indicar se atuações pessoais contribuíram com o acidente. Trajetória de avião que caiu em Vinhedo Arte g1 Cronologia da tragédia Ainda não se sabe o que causou o acidente, mas a queda em espiral sugere a ocorrência de um estol — que acontece quando a aeronave perde a sustentação que lhe permite voar —, segundo especialistas. Veja, abaixo, da decolagem à queda, a cronologia do acidente da Voepass, o maior do país em número de vítimas desde 2007, quando um avião atingiu um edifício em São Paulo ao tentar pousar. A aeronave decolou às 11h56 e o voo seguiu tranquilo até 13h20. O avião subiu até atingir 5 mil metros de altitude às 12h23, e seguiu nessa altura até as 13h21, quando começou a perder altitude, segundo a plataforma Flightradar. Nesse momento, a aeronave fez uma curva brusca. De acordo com a Força Aérea Brasileira (FAB), a partir das 13h21 a aeronave não respondeu às chamadas do Controle de Aproximação de São Paulo, bem como não declarou emergência ou reportou estar sob condições meteorológicas adversas. Às 13h22 – um minuto depois do horário do último registro – a altitude estava em 1.250 metros, uma queda de aproximadamente 4 mil metros. A velocidade dessa queda foi de 440 km/h. O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) informou que o “Salvaero” foi acionado às 13h26 e encontrou a aeronave acidentada dentro de um condomínio. Gravador de voz da cabine do avião ATR-72 que caiu em Vinhedo Reprodução/TV Globo VÍDEOS: saiba tudo sobre Campinas e Região Veja mais notícias da região no g1 Campinas

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