Primeira eleição foi registrada em 1532, pouco depois da chegada dos portugueses.
Museu do Voto, do Tribunal Superior Eleitoral, em Brasília, e pesquisadores destacam fatos desta história.
Pioneira, Celina Guimarães Viana (em pé, à esquerda) foi a primeira mulher a votar no Brasil, no Rio Grande do Norte. O Globo/reprodução Em outubro deste ano, moradores de mais de 5,5 mil municípios elegem prefeitos, vice-prefeitos e vereadores.
Este será mais um capítulo da história do voto no Brasil, que começou pouco depois da chegada dos portugueses, no século 16.
Clique aqui para seguir o canal do g1 DF no WhatsApp. Em Brasília, parte desta história é contada no Museu do Voto, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O museu tem entrada gratuita e as visitas ocorrem de segunda a sexta-feira, das 13h às 19h, sem a necessidade de agendamento.
Nesta reportagem, você vai ver as seguintes curiosidades apresentadas pelo museu e por pesquisadores: 'Homens bons' votavam no período colonial Primeira eleição nacional em 1821 Eleições aconteciam nas igrejas Eleições eram indiretas Surgimento do título de eleitor e exclusão de analfabetos Mulheres e o direito ao voto Curiosidades 1.
'Homens bons' votavam no período colonial Fundação de São Vicente (reproduz como teria sido a ocupação de São Vicente, com a chegada de portugueses às terras indígenas). Benedito Calixto/acervo Museu Paulista da USP Em 1532, pouco depois da chegada dos portugueses, aconteceu a primeira eleição registrada na história do Brasil.
A votação serviu para definir os membros do Conselho Municipal da Vila de São Vicente. Segundo o livro "Eleições no Brasil: uma história de 500 anos", do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), apenas os "homens bons" tinham o direito de votar.
Esses homens eram: Nobres de linhagem Senhores de engenho Membros da alta burocracia militar Burgueses enriquecidos pelo comércio Teresa Cristina de Novaes Marques, professora da Universidade de Brasília (UnB), explica que o Conselho Municipal da Vila de São Vicente tinha o objetivo de reforçar a presença de Portugal e a "fidelidade" dos moradores com o rei português. “A câmara municipal podia distribuir sesmarias [lote de terras concedidos em nome do rei de Portugal], que era a coisa mais importante”, diz Teresa Cristina. 2.
Primeira eleição nacional em 1821 D.
João VI.
Óleo sobre tela de Jean-Baptiste Debret, 1817. Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro (RJ). Em 1821, Dom João VI convocou os brasileiros para escolherem os deputados que iriam representar o Brasil nas Cortes de Lisboa.
Esta foi a primeira eleição nacional do país. "Houve uma mobilização em todas as províncias, no sentido de eleger representantes do Brasil para as cortes portuguesas em Portugal, onde foi redigida a primeira Constituição do reino português", conta a professora Teresa Cristina. Teresa Cristina de Novaes Marques lembra que os "brasileiros" não eram necessariamente pessoas nascidas no Brasil.
Havia portugueses que moravam no Brasil e se consideravam brasileiros; A definição da nacionalidade brasileira aconteceu apenas no processo de independência.
3.
Eleições aconteciam nas igrejas Urna de madeira, utilizada desde o período imperial até meados da década de 1950. TSE/reprodução De acordo com informações do Museu do Voto, durante parte do período imperial, o processo de eleições no Brasil tinha direta relação com a igreja católica. As votações aconteciam no espaço das igrejas, e os sacerdotes eram responsáveis pela seleção dos votantes aptos para o exercício eleitoral.
Cerimônias religiosas aconteciam antes dos trabalhos eleitorais. O afastamento da igreja só começou após a sanção de uma nova lei eleitorial, a Lei Saraiva, de 1881. 4.
Eleições eram indiretas Detalhe de pintura de Francisco Tirrone retrata senadores no período imperial. Senado Federal/reprodução A professora Teresa Cristina lembra que antes da Lei Saraiva, de forma resumida, as eleições aconteciam em dois graus: No primeiro, votantes elegiam eleitores; Só então, no segundo grau, esses eleitores votavam nos candidatos ao parlamento. "Havia um conjunto grande de votantes e um conjunto menor de eleitores que poderiam eleger deputados e senadores", explica Teresa Cristina. Com a Lei Saraiva, as eleições passaram a ser diretas, ou seja, votantes elegiam diretamente os candidatos. 5.
Surgimento do título de eleitor e exclusão de analfabetos Foto de modelo do primeiro título de eleitor, que surgiu em 1881. TSE/reprodução Outro destaque da Lei Saraiva foi a criação do título de eleitor.
No documento, constavam informações como: Nome Província Paróquia Idade Filiação Profissão Renda Instrução: a lei exigia alfabetização do eleitor para exercício do voto "Excluiu muita gente da capacidade de votar, e aumentou os critérios de apuração da renda", explica Teresa Cristina sobre a Lei Saraiva. O direito ao voto só foi garantido aos analfabetos em 1985, na primeira eleição após a ditadura militar.
6.
Mulheres e o direito ao voto A luta das mulheres para votar vem de longe Mulheres só tiveram o direito de votar e de serem votadas com o Código Eleitoral de 1932, do governo de Getúlio Vargas.
No entanto, esse direito era restrito para viúvas e solteiras que trabalhassem.
Mulheres casadas precisavam da autorização do marido para votar.
Também foi com o código de 1932 que o voto secreto foi assegurado, com "isolamento do eleitor em gabinete indevassavel" no momento da votação. Museu do Voto Urnas de lona foram utilizadas pela Justiça Eleitoral entre 1950 e 2000. TSE/reprodução O Museu do Voto, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília, expõe objetos, como urnas utilizadas ao longo dos anos, fotos e registros da história do tribunal e do voto no Brasil. Veja como visitar: Endereço: sede do TSE; setor de Administração Federal Sul Q 7, Asa Sul Entrada: gratuita, sem agendamento Quando: segunda a sexta-feira, das 13h às 19h Visitação guiada: solicitar pelo e-mail museu@tse.jus.br LEIA TAMBÉM: ENTENDA: Por que Brasília não tem eleições municipais? CURIOSIDADE: Você sabia que um menino de 14 anos já governou o Brasil? Leia mais notícias sobre a região no g1 DF.