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Em meio à seca extrema, hidrelétricas de Rondônia funcionam apenas com parte das turbinas

Postado em 09 de Setembro de 2024


Hidrelétrica de Jirau funciona com 20% da capacidade e Santo Antônio com 14%.

Rio Madeira continua batendo recordes e chegou, nesta segunda-feira (9), ao menor nível já registrado desde que o monitoramento começou a ser feito.

Rio Madeira em setembro de 2024 Edson Gabriel/Rede Amazônica Em meio à seca extrema do rio Madeira, a hidrelétrica de Jirau, uma das maiores do Brasil, opera com apenas 20% das turbinas.

A informação foi confirmada ao g1 pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

Nesta segunda-feira (9), o Madeira bateu mais um recorde: às 10h45 (horário local) ele chegou a 86 centímetros em Porto Velho.

Esse é o menor nível desde que o rio começou a ser monitorado, em 1967.

Siga o canal do g1 RO no WhatsApp. O rio Madeira é um dos maiores do mundo e passa por três países: Brasil, Bolívia e Peru.

Neste período do ano, o nível da água deveria estar em torno de 3,80 metros.

Ou seja, está aproximadamente 3 metros abaixo do que era esperado para setembro. Segundo o ONS, as operações de Jirau estão dimensionadas em função das afluências do rio Madeira.

Ou seja, com a baixa vazão, a quantidade de máquinas em funcionamento é reduzida.

A situação é esperada para o período de seca.

A hidrelétrica tem duas casas de força com o total de 50 unidades geradoras que possuem capacidade de gerar 3.750 Megawatts, o que representa 3,7% de toda a energia hidrelétrica do país.

Mais de 40 milhões de pessoas são atendidas com a geração de energia.

Atualmente, apenas 10 das 50 turbinas estão em funcionamento.

Desta forma, a hidrelétrica opera com 20% da capacidade, gerando cerca de 260 Megawatts. A situação é semelhante em Santo Antônio, outra grande hidrelétrica instalada no rio Madeira que precisou paralisar parte das unidades geradoras em razão da seca extrema e está funcionando com apenas 14% das turbinas.

A hidrelétrica tem 50 máquinas e apenas 7 estão em funcionamento.

Jirau informou que segue operando normalmente, com as máquinas disponíveis em quantidade suficiente para atender às vazões do rio Madeira e em conformidade com as demandas do ONS.

LEIA TAMBÉM: Avião que caiu em Espigão D'Oeste, RO, tinha modificações estruturais não certificadas e voava com etanol Nove detentos cerram as grades e fogem de presídio em Porto Velho Em 2014, a cheia histórica do rio Madeira já tinha causado a interrupção do funcionamento das turbinas da hidrelétrica.

A paralisação total só foi provocada pela seca uma vez, em 2023. Segundo a Eletrobras, controladora da Hidrelétrica Santo Antônio, a manobra de paralisar parte das unidades geradoras permite manter a geração concentrada em um grupo apenas. Ambas hidrelétricas são projetadas para funcionar de acordo com a vazão do rio Madeira, por isso é esperado que em período de seca as unidades geradoras em funcionamento diminuíram.

No entanto, o cenário de 2024 é severo.

Pela primeira vez na história o rio ficou abaixo de um metro.

A situação é tão inédita que o SGB precisou instalar uma nova régua de medição que vai até 0 centímetros.

Jirau e Santo Antônio funcionam em formato de “fio d’água”, ou seja, não armazena a água em seu reservatório e depende do fluxo do rio para manter as turbinas em funcionamento (entenda abaixo).

As turbinas das usinas foram projetadas para operar com uma queda líquida entre 10 e 20 metros: se a queda for maior ou menor que isso, pode comprometer o funcionamento das máquinas e causar a paralisação. Seca hidrelétricas rondônia Arte g1 Seca histórica Desde julho, Rondônia vem batendo uma sequência de mínimas históricas.

No último dia do mês, 31, a água baixou para 2,45 metros, o nível mais baixo já registrado no mês de julho desde que o monitoramento passou a ser feito pelo SGB, há 57 anos. Em 40 dias, o Madeira reduziu mais de 1,5 metro até chegar a menor marca da história, nesta segunda-feira (9): 86 centímetros.

Com a seca histórica, ribeirinhos agora caminham por onde antes era possível passar de barco.

O rio que batia na porta de casa foi secando gradativamente e se distanciando a ponto de ser necessário andar quilômetros até encontrá-lo. Ribeirinhos andam a pé por regiões que antes eram atravessadas por barco no rio Madeira Outro problema que atinge as comunidades ribeirinhas é a falta de água potável.

Ribeirinhos vivem com menos de 50 litros de água por dia para toda a família, quantidade abaixo do recomendado para suprir as necessidades básicas de uma pessoa, que seria de 110 litros, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). “Às vezes a gente precisa abrir um buraco para apanhar um pouquinho de água pra poder lavar uma louça, tomar um banho.

E é contado, a situação pra nós tá difícil”, revela Raimundo, morador da zona ribeirinha.

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