Na manhã desta segunda-feira (9), a cidade de São Paulo era a mais poluída do mundo, segundo um ranking suíço que monitora grandes centros urbanos.
A qualidade do ar em São Paulo atingiu nesta segunda-feira (9) níveis alarmantes para a saúde. A barra vermelha nos relógios de rua sinalizava o que os moradores de São Paulo andam sentindo nos olhos, no nariz e na garganta. "Principalmente ao respirar, nessa primeira passagem do ar pela garganta, tem sido uma situação bem estranha, bem seca”, afirma o engenheiro Matheus Gomes. "A gente sente mais ofegante, parece que está mais cansado para fazer as coisas do dia a dia”, conta a farmacêutica Cíntia Luz. No meio da tarde, a qualidade do ar chegou aos níveis “ruim” e “muito ruim” em 20 das 22 estações da Cetesb que monitoram a qualidade do ar na capital.
Pela manhã, a cidade de São Paulo era a mais poluída do mundo, segundo um ranking suíço que monitora grandes centros urbanos. "Isso é inédito.
Quarenta anos que a gente não tinha um cenário como esse.
A fumaça que vem das queimadas por todos os lados faz com que essa fuligem, essa fumaça, não se disperse”, diz Maria Lúcia Guardani, gerente de Qualidade do Ar da Cetesb. Qualidade do ar é considerada ‘ruim’ ou ‘muito ruim’ em praticamente todas as estações de monitoramento em SP Jornal Nacional/ Reprodução Foi o que aconteceu na Baixada Santista.
A neblina densa começou a se formar ainda no domingo (8) à noite.
Com a visibilidade prejudicada, a navegação no Porto de Santos, o maior da América Latina, ficou paralisada.
Nem as balsas que fazem a travessia entre Santos e Guarujá puderam operar.
Só no meio da tarde, quase 20 horas depois, é que a névoa se dissipou.
Os navios circularam por cerca de três horas, mas depois o porto voltou a fechar. A Autoridade Portuária disse que vai investigar se a neblina tem a ver com os incêndios florestais.
Quem ajuda os navios a entrar e sair do porto diz que a situação é atípica. “A gente já está em setembro, que não costuma ter muito nevoeiro, é mais em agosto.
Então, o que está atípico esse ano é justamente que está se prolongando a incidência de nevoeiro esse ano”, afirma Bruno Roquete Tavares, vice-presidente da Praticagem de São Paulo. Com a visibilidade prejudicada, a navegação no Porto de Santos, o maior da América Latina, ficou paralisada. Jornal Nacional/ Reprodução Karla Longo, meteorologista do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), não tem dúvidas de que o fenômeno na Baixada Santista foi, sim, potencializado pelas queimadas. "Ela é uma névoa que acaba sendo mais densa e acaba sendo mais persistente também, porque dentro dessas gotículas de água, você tem partículas sólidas de fumaça.
Então, ela permanece por mais tempo antes de se depositar, ela não chove”, explica. A estiagem severa tem reflexos até para um rio historicamente poluído, como o Pinheiros.
Nesta segunda-feira (9), ele amanheceu com um tom esverdeado.
Isso é reflexo do acúmulo de algas.
Por causa da falta de chuvas, a vazão do rio diminuiu tanto que as algas ficam estacionadas, se proliferando.
Do alto, o contraste da água do rio com a mancha esverdeada ficava ainda mais visível. O professor José Carlos Mierzwa, da USP, explica que o excesso de algas é típico de lagos e não de rios. "No caso do Rio Pinheiros, como você tem um rio urbano onde o entorno está completamente impermeabilizado e você não tem ocorrência de chuva, ele diminui muito a vazão.
Às vezes, em alguns trechos dele, o rio fica parado.
Existe uma conexão entre todos esses ecossistemas: o meio atmosférico, o meio hídrico e também o uso e ocupação do solo, o meio urbano”, diz. LEIA TAMBÉM Brasil tem a cidade mais poluída do mundo nesta segunda? Veja o que dizem os dados e a análise de especialistas Poluição atípica coloca São Paulo entre os centros urbanos mais poluídos do mundo nesta segunda, diz empresa suíça