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Marçal usa tática bolsonarista contra os Bolsonaro e coloca em xeque liderança do Messias sobre sua própria base

Postado em 22 de Agosto de 2024


Nova pesquisa Datafolha aponta crescimento de 7 pontos do ex-coach, que avança sobretudo no eleitorado de Ricardo Nunes (MDB) e Datena (PSDB).

O candidato do PRTB, Pablo Marçal, durante o debate promovido por Veja e ESPM, na segunda-feira (19). Roberto Casimiro/Fotoarena/Estadão Conteúdo A máxima de Saint-Exupéry em “O pequeno príncipe” deveria ser levada mais a sério na política.

Ele escreveu: “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”.

Iniciar uma análise política com um livro associado a crianças e misses parece adequado quando para a abordagem do crescimento eleitoral de um personagem que se autointitula “ex-coach” e fez carreira na internet com máximas de auto-ajuda.

Pablo Marçal (PRTB) aproximou-se dos Bolsonaro, apropriou-se de seus métodos de intimidação de adversários, radicalizou-os, explorou-os e agora coloca em xeque pela primeira vez a capacidade de Jair Messias Bolsonaro (PL) de liderar a própria claque na maior capital do país.

Segundo a mais nova pesquisa Datafolha, o ex-coach ultrapassou numericamente o candidato dos Bolsonaro na eleição: Marçal aparece com 21%, Ricardo Nunes (MDB) tem 19%.

Trata-se de um empate técnico, dentro da margem de erro, mas o número é suficiente para colocar o personagem mais estridente da disputa no primeiro pelotão da eleição paulistana. Importante observar como serão as próximas semanas.

Desde o início desta, como contei no Edição das 18 da última segunda-feira (19), na GloboNews, a campanha de Nunes passou a observar claramente que Marçal estava conseguindo cooptar o eleitorado de Bolsonaro, afastando-o do emedebista.

LEIA MAIS: Bolsonaro tem que entrar com os dois pés, avalia campanha de Ricardo Nunes; time de Boulos comemora 'É claro que eu mantenho minha candidatura', diz Datena ao avaliar pesquisa Datafolha O ex-presidente, que chegou a manifestar simpatia pelo ex-coach, mudou de estratégia.

A pedido de aliados, ele e os filhos deram declarações públicas de apoio a Nunes e contra Marçal.

Carlos Bolsonaro (PL-RJ) chegou a chamar o ex-coach de mentiroso.

Eduardo relatou sua proximidade com figuras mencionadas como da órbita do crime organizado em SP, do PCC (Primeiro Comando da Capital). Passo seguinte, influencers muito ligados ao bolsonarismo raiz passaram a explorar críticas a Marçal, buscando no subtexto classificá-lo como aventureiro.

“Capitão, dessa vez não vou seguir seu conselho.

Vou de Marçal”, respondeu um seguidor.

O ex-coach classifica Nunes, do MDB, conservador, como "comunista".

E é aplaudido.

Marçal parece ter detectado a necessidade de mais radicalismo que pulsa em parte da base bolsonarista.

Necessidade que fica explícita quando da análise das diversas provas que estão nas investigações sobre a tentativa de golpe do 8 de janeiro.

Naquela ocasião, quando ficou claro que o levante não seria oficial, militares que não aderiram à trama foram chamados de frouxos e covardes por auxiliares e aliados do então presidente. Esse vício por mais radicalidade e total desprezo às regras do jogo foi identificado por Marçal, que expõe-se de maneira que nem o próprio Bolsonaro ousou, fazendo acusações graves em série e sem provas, de cunho pessoal, contra adversários.

Cultivado pelo modo de fazer política dos Bolsonaro e seu séquito, o ódio e a ofensa como motor de engajamento, especialmente nas redes sociais, foram capturados por Marçal e alçados a um novo patamar.

O tempo vai revelar se o "capitão" conseguirá retomar a nau que dirige, há cinco anos, seu eleitor em São Paulo.

Até aqui, Marçal mostrou-se efetivo em usar o feitiço contra o feiticeiro e rachar o poder da voz de comando do ex-presidente.

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