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Testemunha e réus de caso Marielle cumprem pena no mesmo presídio

Postado em 21 de Agosto de 2024


A testemunha Orlando de Araújo, o Curicica, e o major Ronald Pereira ocupam a mesma ala do presídio federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.

Na mesma unidade está o deputado federal Chiquinho Brazão.

A situação irritou o promotor, representante da Procuradoria Geral da República, que pediu providências.

Orlando Oliveira de Araújo, o Curicica, de 50 anos, em audiência no STF nesta terça-feira (20) Reprodução Uma das testemunhas selecionadas para prestar depoimento no processo que apura as mortes da vereadora Marielle Franco e do seu motorista Anderson Gomes, em março de 2018, Orlando Oliveira de Araújo, o Curicica, de 50 anos, está preso na mesma ala que um dos réus no processo: o major Ronald Paulo de Alves Pereira. Ambos estão na mesma ala do presídio federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.

A distância entre as celas, segundo o próprio Orlando, em depoimento nesta terça-feira (20), no Supremo Tribunal Federal (STF) é de quatro metros.

Até o banho de sol , a que tem direito, é ao mesmo tempo. De acordo com a Procuradoria Geral da República, o major Ronald era encarregado de obter informações sobre a rotina da parlamentar e monitorou as redes sociais dela.

Ele soube que ela participaria de um evento na Casa das Pretas, na Rua dos Inválidos, e "encontrou a oportunidade para a execução do homicídio". Na mesma unidade, outro réu do caso: o deputado federal Chiquinho Brazão, apontado pela denúncia da Procuradoria Geral da República como um dos mandantes do crime, junto com o seu irmão, Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), do Rio de Janeiro.

"Estou estarrecido com a informação de que a testemunha e o acusado estão no mesmo espaço de convivência.

Peço para que a inteligência do Sistema Penitenciário Federal, ou o que resta dela, para que fiquem em alas distintas.

O sistema federal tem vagas de sobra", afirmou o promotor Olavo Pezzotti, representante da PGR na audiência. O juiz auxiliar do STF, Airton Vieira disse que analisará o caso.

A Secretaria Nacional do Sistema Penitenciário (Senappen) foi questionada na noite desta terça-feira e até o momento não se manifestou.

Major Ronald Paulo de Alves Pereira, preso na Penitenciária Federal de Campo Grande Reprodução Orlando Curicica, como é chamado, prestou depoimento nesta terça-feira.

Relembrou o depoimento que já havia feito à procuradores da República de que os delegados Giniton Lages e Rivaldo Barbosa tentaram intervir nas investigações das mortes de Marielle e Anderson.

Chegou a dizer que conhecia Ronnie Lessa pela fama que "era muito grande", mas não quis falar sobre o major Ronald, preso por pertencer a uma milícia em Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio.

"Sobre o major Ronald, eu não tenho o que falar.

Tomamos banho de sol juntos, ficamos na mesma ala a uma distância de quatro metros entre as celas, na mesma ala de convivência" Na audiência, Orlando se apresentou como autônomo e que, enquanto esteve em liberdade trabalhava vendendo água ou na segurança de comércios.

Disse que já respondeu a 15 processos.

Desses, seis se referiam a organização criminosa, milícia, e ele foi inocentado.

Dos outros 9 restantes houve uma condenação em primeira instância por homicídio e outros dois ainda estão em andamento. Orlando contou que, em liberdade, trabalhava para o "amigo" Geraldo Pereira, sargento da reserva, assassinado em 17 de maio de 2016, com 89 tiros de fuzil, por Adriano da Nóbrega e seus comparsas do Escritório do Crime.

O deputado federal Chiquinho Brazão, preso na Penitenciária Federal de Campo Grande (MS) Reprodução Policial militar, Pereira serviu na Divisão Anti-sequestro (DAS) e ao deixar a PM passou a explorar máquinas de caça-níqueis em Curicica, além de ser conhecido como o miliciano da comunidade. "O Pereira tinha relação com o jogo do bicho e ele me contava que o Escritório do Crime era um grupo de extermínio que surgiu com o apoio dos bicheiros.

Até a década de 1990, cada bicheiro tinha o seu matador, mas isso facilitava na descoberta do mandante.

Então, eles terceirizaram os homicídios.

Ao mesmo tempo, a Delegacia de Homicídios não investigava os crimes", contou Orlando. Crime aconteceu na academia The Place, no Recreio dos Bandeirantes Fernanda Rouvenat Enxugando inquéritos Nas pouco mais de três horas em que prestou depoimento, Orlando ainda comentou os métodos da Delegacia de Homicídios para que os inquéritos não chegassem a uma solução.

De acordo com relatório da Polícia Federal, cinco mortes praticadas pelo chamado Escritório do Crime não foram concluídas sob a gestão de Rivaldo Barbosa. De acordo com Orlando, a primeira medida adotada pelos policiais era chamada de "enxugar inquéritos".

Segundo Curicica consistia em esperar 30 dias para que se realizasse a busca e apreensão de imagens de câmeras de segurança.

Após este período, as imagens dos fatos investigados não constavam mais dos arquivos e nada era encontrado. "Assim, ninguém era identificado ou apontado como autor nos crimes", garante. Segundo Orlando, era um processo de desconstrução de provas.

Outro movimento dos investigadores era apontar para criminosos de menor expressão ao saber que os verdadeiros autores os "grandes", como ele chamou.

Após as três horas de depoimento, a conexão entre o presídio federal de Campo Grande e a sala de audiência no STF caiu.

Nesta quarta-feira (21), Orlando Curicica volta para responder as questões levantadas pelas defesas de Domingos Brazão, Chiquinho Brazão e do delegado Rivaldo Barbosa.

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