Em entrevista exclusiva ao g1, a secretária de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Ethel Maciel, disse que os imunizantes já estão reservados para o país e chegarão 'em breve'.
OPAS afirmou que está em negociação com farmacêutica para a compra de 25 mil doses.
Frascos da vacina contra mpox da Bavarian Nordic.
Ministério da Saúde negocia compra de uma nova remessa do imunizante para o país. Alain Jocard/Pool via REUTERS Ainda sem prazo de chegada definido, as novas doses da vacina contra mpox em negociação pelo Ministério da Saúde são esperadas "em breve", afirmou a secretária de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Ethel Maciel Em uma entrevista exclusiva ao g1, ela disse que as negociações para a aquisição da vacina da Bavarian Nordic - a mesma enviada aos estados em 2023 - já estavam em andamento antes mesmo do decreto de emergência da Organização Mundial da Saúde (OMS), que definiu o mais alto nível de alerta para a mpox na última semana.
"Não posso fornecer uma data exata para a chegada das doses, uma vez que isso não depende mais do Ministério da Saúde.
Mas a fase mais complexa, que envolveu a obtenção da autorização especial para a importação da vacina, já foi concluída", afirmou a secretária. "A expectativa é de que as doses sejam recebidas em breve, embora isso ainda dependa do Fundo Rotatório da OPAS", acrescentou. A OPAS é a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e o seu Fundo Rotatório é um mecanismo de cooperação técnica destinado a facilitar o acesso dos países das Américas a medicamentos que incluem vacinas, seringas, equipamentos e outros insumos. Ao g1, a a agência internacional disse que, no momento, está em negociação junto à Bavarian Nordic para a compra de 25 mil doses de vacina.
Já a Bavarian Nordic disse que não pode comentar sobre as negociações em andamento (veja a íntegra das notas ao final do texto). "O acordo foi fechado; agora, restam apenas os detalhes finais e o envio", completou Ethel. Ainda segundo a secretária, após a chegada e o embarque das doses, será realizada uma reunião do Comitê Técnico Assessor de Imunizações (CTAI) do ministério, seguindo a orientação da ministra da Saúde, para avaliar se a estratégia de vacinação precisa ser ajustada com base na situação global. O Brasil, que tem um risco baixo para o atual surto, começou a campanha de imunização em março de 2023, inicialmente focada em: pessoas que vivem com HIV/aids (PVHA), profissionais de laboratórios que atuam em locais de exposição ao vírus, além de pessoas que tiveram contato direto com fluidos e secreções corporais de pessoas suspeitas. Em junho do mesmo ano, uma nota técnica da pasta ampliou o programa para usuários da Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP), permitindo que, em casos de vacinas disponíveis na rede estadual ou municipal sem uso para PVHA, elas fossem aplicadas em pacientes que usam a PrEP. MPOX: vacinação em massa contra doença não é recomendada; entenda estratégia de imunização "A partir da discussão dentro da nossa câmara técnica a gente vai ver se a estratégia tem que ser repensada, também avaliando o que tá acontecendo em outras partes do mundo", pontuou a secretária. Contudo, para o médico infectologista do Hospital das Clínicas da USP e do Núcleo de Medicina Afetiva (NuMA), embora a adição dessas doses seja positiva, o número ainda é considerado insuficiente considerando o surto contínuo da doença desde 2022 e o número de pessoas que precisariam ser vacinadas.
"No Brasil, com cerca de 1 milhão de pessoas vivendo com HIV e 100 mil em uso de PrEP, 25 mil doses cobrem apenas uma pequena parte das necessidades", avalia. Ethel Maciel, secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde. Julia Prado/MS Doses aplicadas A vacinação contra a Mpox no Brasil começou em 2023, com uma licença especial da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para vacinar os grupos vulneráveis e pessoas que tiveram contato com casos confirmados.
Na última quinta-feira (22), a Anvisa inclusive aprovou uma resolução permitindo a importação de medicamentos e vacinas para prevenir ou tratar a mpox, mesmo que eles ainda não tenham sido aprovados pela agência.
No entanto, essa medida não afeta as negociações atuais do ministério com a OPAS, pois a autorização especial para a importação de novas doses da vacina já foi concluída. Ainda segundo a pasta, todo o estoque adquirido em 2023 foi distribuído aos estados, o equivalente a 49 mil doses, num esquema de vacinação que tem indicação de duas doses para cada pessoa com intervalo de quatro semanas entre elas. Apesar disso, somente 29.165 foram aplicadas até o final de junho, segundo dados do ministério que o g1 teve acesso. "Após o envio das vacinas para os estados, a gente não tem como ter um controle direto.
A nossa responsabilidade no Programa Nacional de Imunizações (PNI) se limita ao envio e às orientações técnicas sobre o uso e armazenamento das vacinas, como a necessidade de descongelamento", defende a secretária de Vigilância do Ministério da Saúde. Ela explica que essas orientações são fornecidas aos programas estaduais de imunização e embora os sistemas de informação da pasta federal registrem as doses enviadas, o monitoramento após a chegada nos estados é limitado.
Ao g1, o governo da Paraíba informou, por exemplo, que recebeu 343 doses da vacina e aplicou 146, outras 112 foram perdidas devido a problemas com o descongelamento inadequado. E se alguns estados como São Paulo não têm mais doses atualmente, por outro lado, algumas unidades da federação como o Distrito Federal e o Acre, ainda têm estoques destinados à finalizadação dos esquemas vacinais. Já outros estados, como Goiás, que tem cerca de 2 mil doses do imunizante, seguem disponibilizando a aplicação da primeira e da segunda dose. Os estados têm autonomia para seguir as diretrizes do PNI, mas devem respeitar as recomendações específicas relacionadas à essa vacina.
E ela recebeu uma autorização especial da Anvisa, não sendo licenciada para uso geral.
Portanto, ela pode ser utilizada apenas para o público definido e de acordo com as orientações do programa. Partículas do vírus da mpox vistas em microscópio eletrônico. NIAID Novo clado no Brasil? A própria Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou: a mpox não é a "nova Covid". Isso acontece porque as autoridades de saúde já sabem como controlar sua disseminação.
Além disso, também já temos vacinas e testes de diagnóstico.
O MPXV, o vírus que causa a doença, foi identificado pela primeira vez em 1958.
De lá para cá, muito já se sabe sobre ele. Sabemos, por exemplo, que existem dois grandes tipos do MPXV: o clado 1 e o clado 2.
De forma geral, o clado 1 é considerado mais grave e mortal que o clado 2 nas populações afetadas. Mas no Brasil, até o momento, nenhum caso do Clado 1b (o subclado que originou esse novo surto) foi identificado. Apesar disso, a secretária Ethel Maciel afirma que o Ministério da Saúde se mantém vigiliante diante do risco do tipo mais grave da mpox chegar ao Brasil. "Nesse mundo globalizado, todos os países sabem que podem ter um caso [do clado 1b], e é muito importante que identifiquemos logo para que possamos tomar as medidas cabíveis de isolamento, impedindo a transmissão", diz a secretária. Na última quinta-feira, o Departamento de Controle de Doenças da Tailândia confirmou um caso de mpox do Clado 1b.
Já na semana passada, a Agência Sueca de Saúde Pública detectou o primeiro caso do clado fora da África.
O vírus da mpox possui dois tipos clássicos, com diferentes níveis de gravidade. Ana Moscatelli/Arte g1 Ao g1, a secretária de Vigilância do Ministério da Saúde garante que a pasta está fortalecendo o controle da doença com a implementação de novos testes diagnósticos em laboratórios.
A medida é importante porque uma mutação do vírus pode dificultar a sua detecção, o que pode levar a falsos negativos nos testes antigos. No Brasil, há quatro laboratórios de referência com níveis de biossegurança adequados para realizar o sequenciamento genético do vírus.
E quando um teste para mpox dá negativo, é feito um painel para detectar outros vírus da mesma família.
Se algum desses testes for positivo, mesmo sem identificar o vírus específico, realiza-se o sequenciamento genético para uma análise mais precisa. A orientação é garantir a identificação de novas variantes e a preparação para possíveis ocorrências futuras, levando em conta o histórico global e local. Veja as notas na íntegra: OPAS A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) está em contato com o Ministério da Saúde do Brasil para a aquisição de vacinas contra mpox via Fundo Rotatório da OPAS, que é um mecanismo de cooperação técnica destinado a facilitar o acesso dos países das Américas a imunobiológicos, seringas, equipamentos e insumos correlatos de saúde de alta qualidade. No momento, a OPAS está em negociação junto ao fornecedor Bavarian Nordic para a compra de 25 mil doses de vacina.
Tendo em vista a limitada quantidade de vacinas disponíveis atualmente no mundo, a prioridade neste momento é utilizá-las nas situações em que haja o maior impacto em saúde pública, bem como focar na vigilância, comunicação de risco, engajamento comunitário, rastreamento de contatos e outras medidas de saúde pública destinadas a prevenir a propagação do vírus causador dessa doença. Bavarian Nordic Não podemos comentar sobre negociações em andamento com partes específicas, mas informaremos o mercado se e quando acordos significativos forem firmados.
Desde 2022, temos um acordo com a OPAS, que permite o acesso à nossa vacina para seus estados membros. Como divulgado, anunciamos uma capacidade de produção adicional em nossas instalações, permitindo a fabricação de até 10 milhões de doses da vacina até 2025.
Embora não possamos prever a demanda, nenhum pedido foi feito até o momento que impacta essa capacidade. Entenda por que a mpox voltou a ser uma emergência global