Kamala foi oficializada como candidata democrata à Casa Branca na eleição presidencial de novembro.
Vice-presidente discursou por 40 minutos na convenção.
Kamala Harris durante convenção democrata Kevin Lamarque/Reuters Kamala Harris, candidata à Presidência dos Estados Unidos, discursou na Convenção do Partido Democrata, nesta quinta-feira (22).
A democrata falou bastante sobre mulheres, alertou eleitores sobre um possível risco à democracia caso Donald Trump seja eleito e pregou união entre o povo americano. Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp O discurso de Kamala durou 40 minutos e foi transmitido pelo g1.
Veja abaixo a análise da fala da candidata pelos comentaristas da GloboNews. Sandra Coutinho Sandra Coutinho diz que discurso de Kamala Harris empolgou público em convenção democrata Para a jornalista Sandra Coutinho, que estava na convenção em Chicago, Kamala conseguiu "navegar numa linha muito fina" ao falar para os eleitores que já conquistou — os democratas raízes — e também para os independentes, que ainda precisa atrair.
"Por isso falou tanto de união, de governar para todos os americanos sem nenhuma divisão.
Falou tanto sobre lutar pelo povo, pela classe média, e ao mesmo tempo ela não evitou temas difíceis", avaliou. Para Sandra, o que mais lhe chamou atenção foi o fato de Kamala abordar o conflito em Gaza, que "era um calcanhar de Aquiles" para o governo Biden.
"O apoio dele incondicional a Israel é visto por muitos jovens como a causa da morte de 40 mil civis palestinos.
Então, ela não evitou esse tema, falou que os EUA vão continuar a reconhecer o direito de Israel se defender, mas também falou da necessidade de se acabar o mais rapidamente com esse conflito por causa do sofrimento do povo palestino", explicou. Coutinho também afirmou que a candidata democrata conseguiu "dar um recado de união, de olhar para a frente, de dizer que não é um momento de voltar para trás".
"Ao mesmo tempo ela quis mostrar que vai defender as leis e a ordem, que é algo que alguns eleitores se ressentem, que o partido talvez não seja tão comprometido com a força policial", indicou. "Não é fácil se apresentar para um país tão polarizado como os EUA neste momento.
Ela tinha essa missão hoje e ela conseguiu passar o recado dela.
Isso não quer dizer que vai se traduzir nas urnas", afirmou a jornalista. Guga Chacra Guga Chacra analisa o discurso de Kamala Harris em convenção do Partido Democrata O jornalista Guga Chacra afirmou que Kamala começou muito bem o discurso contando sobre a história da vida dela e da mãe, Shyamala Harris.
"Depois ela partiu para ataques ao Trump, o que já é normal e que os democratas vêm fazendo há muitos anos", disse.
Chacra explicou que a candidata também fez o discurso do "estado da união", que é tradicional para presidentes dos EUA.
"Ela falou de muitos pontos da agenda dela, como o aborto, a imigração e se aprofundando bastante em questões de política externa, como a Guerra da Ucrânia, e acima de tudo a Guerra de Gaza, basicamente a política de Joe Biden, de defender Israel, de manter o apoio americano a Israel e de condenar fortemente o atentado terrorista cometido pelo Hamas", afirmou.
Para o jornalista, ela também demonstrou empatia e solidariedade com as vítimas palestinas da Guerra de Gaza, mas sem condenar Israel pelas ações militares.
"A gente sabe que isso é um tema que divide o eleitorado democrata", disse. Carlos Frederico Coelho Especialista diz que discurso de Kamala Harris teve equilíbrio tênue O professor Carlos Frederico Coelho, do Instituto de Relações Internacionais (IRI) da PUC-RJ e pesquisador do Brics Policy Center, que participou da transmissão da GloboNews, avaliou que foi a "grande apresentação" de Kamala Harris para o público americano.
"Por isso, talvez, a questão pessoal tão forte no início, e talvez a melhor parte do discurso dela", disse. "O discurso sai de um nove, dez, e vai para um sete, oito, do meio para o fim.
Gênero é um tema onde ela vai bem, porque puxa também o tema dos direitos reprodutivos da mulher", afirmou o professor. Segundo ele, existia a necessidade de um equilíbrio para ela se apresentar para o primeiro mandato e não como um segundo mandato de Joe Biden, de quem é vice.
"[O governo Biden] tem índice de aprovação muito baixo.
Biden esteve no primeiro dia de convenção, falou e foi embora para que os democratas pudessem virar a página e apresentar essa nova posição de futuro", indicou.