De janeiro a julho de 2024, foram registrados 570 hectares de novos alertas, superando a Terra Indígena Kayapó e destacando a Sararé como a mais afetada nesse período.
Terra Indígena Sararé é tomada por garimpeiros Greenpeace Imagens aéreas feitas pela ONG Greenpeace Brasil mostram o avanço do garimpo ilegal na Terra Indígena Sararé, em Pontes e Lacerda, a 483 km de Cuiabá.
Nessa quinta-feira (22), a instituição fez um sobrevoo na região, após diversas denúncias, e revelou que os garimpeiros intensificaram a destruição ambiental e estão utilizando maquinário pesado nas proximidades da área de preservação.
O g1 entrou em contato com a Polícia Federal e com a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.
Ao todo, a área abrange os municípios de Conquista d'Oeste, Nova Lacerda e Vila Bela da Santíssima Trindade.
Nas imagens divulgadas pelo Greenpeace, é possível ver diversas escavadeiras estacionadas em áreas urbanas próximas, evidenciando a intensidade das operações ilegais (veja abaixo). De acordo com a ONG, a volta do garimpo coloca em risco a vida dos povos tradicionais e o equilíbrio ecológico da região.
A região é cenário recorrente de operações realizadas pela Polícia Federal, para desativação de garimpo.
A primeira foi em maio de 2020, quando policiais desocuparam um garimpo ilegal de ouro.
Porém, após a saída das equipes, os garimpeiros invadiram novamente. Em abril deste ano, foram apreendidas 22 pás carregadoras avaliadas em mais de R$ 17 milhões, 39 motores estacionários, duas bombas d'água, um gerador e duas britadeiras foram destruídas, durante a "Operação que Ouro Viciado". Já em julho, uma nova ação conjunta da Polícia Federal, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e outros órgãos federais tentou conter a expansão do garimpo, mas as novas imagens revelam que, mais uma vez, o território é alvo de destruição.
Crescimento da exploração Operação da PF desmonta garimpo ilegal em terra indígena em MT Dados do Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) revelaram um crescimento exponencial nos alertas de garimpo.
Em 2020, foram detectados 7,2 hectares de garimpo na Terra Sararé.
Em 2021 e 2022, esses números aumentaram para 43 e 36 hectares, respectivamente.
Já no ano passado, os alertas dispararam para 273 hectares.
De janeiro a julho de 2024, foram registrados 570 hectares de novos alertas, superando a Terra Indígena Kayapó e destacando a Sararé como a mais afetada nesse período. À ONG, líderes indígenas relatam a presença de facções criminosas que controlam e geram um clima de violência constante.
Mais de 10 indígenas estão ameaçados de morte, segundo levantamento da Greenpeace Brasil. A instituição apontou ainda a falta de regulamentação do comércio de escavadeiras como um dos principais desafios na proteção das terras indígenas.
Desde o ano passado, a organização tem solicitado ao Ministério do Meio Ambiente a inclusão de revendedores e compradores de escavadeiras no Cadastro Técnico Federal (CTF) para melhorar a rastreabilidade e possibilitar investigações mais eficazes.