Cleber Silva e Terezinha Conceição foram acusados de dar coquetel de remédios a Jarmo Santana em Cotia.
Justiça analisa pedido.
Monitor Matheus Pinto está preso por agredir paciente.
Laudo apontou 'fármacos psiquiátricos e 'trauma abdominal' como causa da morte.
Paciente Jarmo Celestino de Santana aparece amarrado e torturado.
Laudo do IML concluiu que ele morreu por causa das agressões que sofreu e dos remédios que foi obrigado a tomar na clínica Reprodução O Ministério Público (MP) denunciou nesta semana à Justiça os donos da clínica de terapia para usuários de drogas em Cotia, na Grande São Paulo, pela tortura e morte do paciente Jarmo Celestino de Santana, em julho.
Além disso, a Promotoria pediu à Justiça as prisões preventivas de Cleber Fabiano da Silva e Terezinha de Cássia de Souza Lopes da Conceição.
Eles são casados, enfermeiros e proprietários da Comunidade Terapêutica Efata. Até a última atualização desta reportagem, a Justiça não havia analisado a denúncia e nem o pedido de prisão do casal feito pelo MP.
Se concordar integralmente com o Ministério Público, os acusados se tornaram réus no processo e terão de ser presos preventivamente.
As prisões preventivas costumam durar até o eventual julgamento dos acusados.
Cleber e Terezinha respondem por tortura seguida de morte.
A Polícia Civil indiciou os dois pelo crime de homicídio doloso (com intenção de matar) em agosto.
Mas a Promotoria, os responsabilizou por tortura seguida de morte por entender que os enfermeiros deram para Jarmo um coquetel de medicamentos.
O objetivo seria o de sedar o paciente que teria chegado agitado e agressivo à clínica.
Em julho, o 1º Distrito Policial (DP) de Cotia já havia responsabilizado e prendido o monitor da clínica, Matheus de Camargo Pinto, pela tortura e morte de Jarmo.
O MP o acusou depois de agredir o paciente.
E a Justiça decretou a prisão preventiva dele o tornando réu no processo, em agosto. Remédios e agressões Paciente é torturado e morto em clínica na Grande SP Laudo do Instituto Médico Legal (IML) concluiu que Jarmo morreu por causa dos 11 tipos diferentes de remédios que foi obrigado a tomar e pelas agressões que sofreu.
A vítima tinha 55 anos. Segundo o documento da Superintendência da Polícia Técnico-Científica, o paciente faleceu em decorrência de "fármacos psiquiátricos" e "trauma abdominal".
Ele apanhou com socos e pontapés e ainda tomou um composto com comprimidos apelidado de "Danoninho".
Matheus chegou a filmar e compartilhar um vídeo nas redes sociais que mostra a vítima com os braços para trás, amarrados com corda, e presos a uma cadeira.
Nas imagens é possível ver outras pessoas rindo e zombando do paciente.
O monitor ainda enviou uma mensagem de voz para uma outra pessoa confirmando ter agredido o interno: "Cobri no cacete" (veja vídeo acima). Em outros vídeos gravados por Matheus, ele aparece rezando no local com mais internos antes do crime (veja acima também).
Jarmo não aparece nas imagens.
Preso por torturar paciente grava oração com outros internos O que os citados dizem O g1 não conseguiu localizar as defesas dos donos da clínica e do monitor para comentarem o assunto nesta sexta-feira (23).
"Futuramente será devidamente comprovada a inocência do casal", afirmou a defesa de Cleber e Terezinha em outras ocasiões. Matheus trabalhava como monitor da clínica havia duas semanas.
Quando foi interrogado pelos policiais, confessou que bateu em Jarmo para contê-lo porque o paciente estava "transtornado psicologicamente" e em "surto".
Internação de paciente Enfermaria da clínica onde paciente foi obrigado a tomar 11 remédios diferentes; ao lado foto no celular de um dos investigados mostra que Jarmo Santana tomou composto chamado de 'Danoninho' Reprodução Jarmo havia sido internado na clínica em 5 de julho, quando foi levado à força para a Efata por funcionários a pedido da família dele.
A morte do paciente acabou confirmada em 8 de julho, quando deu entrada ferido num hospital em Vargem Grande Paulista, outro município da região metropolitana.
Quem o levou ao hospital foram outros monitores da Efata.
Jarmo apresentava diversas lesões de agressões pelo corpo e não resistiu aos ferimentos, segundo os médicos. Conselho de Enfermagem Comunidade Terapêutica Efata e um dos donos da clínica, o enfermeiro Cleber Fabiano da Silva Reprodução/TV Globo O Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren-SP) também investiga se Cleber e Terezinha, que são enfermeiros, cometeram alguma infração ética e profissional em relação à clínica e ao próprio paciente morto.
As punições previstas, em caso de confirmação da infração são: advertência, multa, censura, suspensão temporária do exercício profissional ou cassação do exercício profissional pelo Conselho Federal de Enfermagem. Segundo a Prefeitura de Cotia, a clínica de terapia era clandestina.
Uma equipe da Vigilância Sanitária esteve no endereço, interditou o local e atestou que a clínica particular não tem nenhum tipo de autorização para funcionamento.
Os donos alegam o contrário: de que estariam regularizados para funcionar.