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González diz que decidiu deixar Venezuela após ouvir ameaça: 'Estão vindo atrás de você'

Postado em 20 de Setembro de 2024


Em entrevista à Reuters, em Madri, onde está em exílio político, o candidato da oposição na Venezuela disse que deixou o país para ter 'liberdade para buscar apoio de líderes mundiais'.

Edmundo González REUTERS/Juan Medina "Eles estão vindo atrás de você": segundo Edmundo González, candidato da oposição na Venezuela, esse foi o alerta que o fez decidir deixar seu país e buscar refúgio diplomático na Espanha. Maduro diz que González pediu 'clemência' O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, afirmou, nesta quinta-feira (19), que seu adversário nas eleições presidenciais, Edmundo González Urrutia, lhe pediu "clemência" para conseguir sair da Venezuela e ir para a Espanha. "Me dá vergonha alheia que o senhor Edmundo González Urrutia, que me pediu clemência, não tenha palavra com o que se empenhou e alegue sua própria inépcia e sua própria covardia para tentar salvar sei lá o que", afirmou Maduro. A fala de Maduro foi uma resposta à denúncia feita pelo opositor na quarta, de que teria sido coagido por autoridades venezuelanas para assinar o documento de aceite à decisão do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) venezuelano, que deu vitória a Maduro em meio a uma polêmica de atas eleitorais.

Após assinar o documento, Edmundo González deixou a Venezuela rumo à Espanha em asilo político. Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp A assinatura do documento, ocorrida na embaixada espanhola em Caracas, onde González estava escondido, ocorreu na presença do presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodríguez, e a vice-presidente, Delcy Rodríguez --ambos aliados de Maduro.

(Veja na imagem abaixo) González disse que o documento permitiria sua saída do país e que não teve opção senão o assinar.

"Ou eu assinava ou sofria as consequências.

Foram horas muito tensas de coação, chantagem e pressões", disse.

Quando chegou à Espanha, González disse que deixou a Venezuela para evitar um conflito. Edmundo González (ao fundo) na embaixada da Espanha em Caracasm, acompanhado da vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez (à esq), e do presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodríguez (careca), assinando documento reconhecendo vitória de Maduro na eleição.

Assinatura ocorreu no início de setembro. Reprodução/Jorge Rodríguez A decisão do TSJ --instância máxima do Judiciário venezuelano e alinhado a Maduro-- que reafirmou a vitória do presidente na eleição, referendando o resultado divulgado pelo Conselho Nacional Eleitoral, é contestada pela comunidade internacional, que também exige a publicação das atas eleitorais.

(Leia mais abaixo) O opositor afirmou ainda que o governo venezuelano “sempre recorre a jogo sujo, chantagem e manipulação”, e considerou ser mais útil permanecer livre, mesmo que fora do país, do que ser preso e impossibilitado de lutar pelo resultado divulgado pela oposição, que deu vitória a González.

A publicação das atas eleitorais em um site foi motivo para o Ministério Público abrir investigação contra o candidato da oposição e pedir mandado de prisão contra ele. González foi rebatido já na quarta por Jorge Rodríguez, que o chamou de mentiroso e disse que o opositor assinou por vontade própria o documento reconhecendo a vitória de Maduro. No primeiro pronunciamento após González deixar o país, o presidente Nicolás Maduro falou sobre o opositor em tom de despedida, desejou a ele "sorte em sua nova etapa da vida" e disse que agora "o país está tranquilo".

O presidente venezuelano acrescentou que ele participou pessoalmente das negociações para González deixar o país. LEIA TAMBÉM: Maduro intensificou repressão após eleições na Venezuela, diz relatório da ONU Venezuela prende americanos e espanhóis acusados de 'desestabilizar' o país Após Gonzalez deixar Venezuela, Maduro volta a falar que venceu eleição e diz que 'país está tranquilo' Nicolás Maduro diz que participou de negociação de asilo do ex-candidato da oposição Perseguição após eleições A Venezuela vive um impasse desde a eleição presidencial, ocorrida em 28 de julho.

O Conselho Nacional Eleitoral venezuelano declarou o presidente Nicolás Maduro vencedor da eleição, em resultado contestado pela oposição e pela comunidade internacional por falta de transparência --as atas eleitorais, que comprovariam o resultado, não foram publicadas até o momento. Dias depois, o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) referendou o resultado anunciado pelo CNE e proibiu a divulgação das atas.

Tanto o TSJ quanto o CNE são alinhados ao governo Maduro. Edmundo González foi o candidato da oposição na eleição e enfrentou Maduro nas urnas.

A oposição, liderada por María Corina Machado, garante que González ele venceu o pleito com ampla vantagem, com base em cerca de 80% das atas impressas pelas urnas eletrônicas e publicadas em um site. A ONU apontou a veracidade das atas divulgadas pela oposição.

Por outro lado, o Ministério Público venezuelano, também alinhado a Maduro, disse que as atas são falsas e abriu investigação contra a oposição.

Após González faltar a intimações do MP para prestar depoimento, um mandado de prisão foi expedido contra o opositor. Temendo ser preso pelo regime Maduro, González estava escondido há mais de um mês e era considerado foragido.

Em uma carta enviada ao Ministério Público ele afirmou que não ia se apresentar, pois considera que o processo contra ele não tem fundamento legal. Investigação contra González Edmundo González é investigado por crimes como usurpação de funções da autoridade eleitoral, falsificação de documentos oficiais, incitação de atividades ilegais, sabotagem de sistemas e associação criminosa. Segundo o MP, o pedido de prisão foi apresentado após González ignorar três intimações para prestar depoimento.

O órgão é aliado do presidente Nicolás Maduro e controlado por chavistas. O procurador-geral Tarek Saab afirmou que as intimações tinham como objetivo colher o depoimento de González sobre a publicação de atas impressas das urnas eleitorais em um site. A líder da oposição, María Corina Machado, também está sendo investigada pelo Ministério Público.

Na quinta-feira (5) ela se responsabilizou pela publicação das atas eleitorais em um site.

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