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Pai afirma que filha de 4 anos é vítima de racismo em escola particular no litoral de SP

Postado em 20 de Setembro de 2024


Colégio em Guarujá (SP) informou que não compactua com nenhuma forma de preconceito e todas as denúncias são investigadas.

Mãe de uma das alunas da classe da vítima notificou a escola sobre o caso após relato da filha em Guarujá (SP) Arquivo Pessoal O pai de uma criança de quatro anos denuncia que a filha sofreu preconceito racial dentro de um colégio particular de Guarujá, no litoral de São Paulo.

Ao g1, nesta sexta-feira (20), o servidor público Michael de Jesus disse que a filha foi isolada pelos próprios colegas de classe por conta do cabelo crespo e da cor da pele.

Em nota, a escola informou que não compactua com preconceito e todas as denúncias são investigadas de forma privada.

Clique aqui para seguir o novo canal do g1 Santos no WhatsApp. De acordo com ele, a criança mudou para a escola em fevereiro deste ano e, desde então, se queixou que as meninas não brincavam com ela.

Porém, ele acreditou ser uma questão de adaptação.

“Num primeiro momento, só me fez conversar e explicar que ela que precisaria encontrar um caminho para se entrosar mais na escola”, explicou o pai.

Apesar disso, Michael e a mãe da menina procuraram a professora e pediram atenção ao caso ainda no primeiro bimestre.

No entanto, a criança continuou reclamando de isolamento, até que um dos recentes depoimentos da garota chamou atenção do pai para o racismo.

“Disse que as amiguinhas, depois da aula de balé, ficavam rindo do cabelo crespo dela.

Isso me ligou o alerta.

Um dia depois minha filha disse que disseram na escola que ela tinha cheiro de cocô”, relembrou.

A partir daí, Michael percebeu que se tratava de uma denúncia séria.

Por isso, a família acionou novamente a professora alertando que a situação poderia ser um caso de preconceito racial.

“Fomos mais contundentes e noticiamos que já estavam falando que minha filha tinha cor e cheiro de cocô".

Preocupado, o pai pediu conversou com a coordenação do colégio no dia 5 de setembro.

“Fui escutado, porém, nada de concreto me foi apresentado.

Disseram que iriam trabalhar isso com as crianças e se necessário chamariam outros pais.

Algo evasivo e nada concreto”.

A surpresa do servidor público foi quando, no mesmo dia, a mãe de outra aluna entrou em contato com a família dizendo que já havia notificado a escola sobre o caso anteriormente.

“A filha dela chegou em casa dizendo que não podia brincar com minha filha porque ela é negra e as outras crianças não deixavam.

A mãe dessa colega da minha filha mandou mensagem escrita para professora e esta deu uma resposta padrão”, afirmou Michael.

O g1 teve acesso às mensagens trocadas entre a mulher e a professora entre os dias 1 e 3 de setembro.

A mãe da aluna narrou que a filha chegou da escola dizendo que não poderia brincar com a filha de Michael, porque “a cor dela é feia”.

Além disso, a menina não podia brincar de salão de beleza, pois tem o cabelo “feio” (veja no início da matéria).

“A escola já estava sabendo, não me comunicou, a coisa continuou, e quando falaram comigo se fizeram de desentendidos”, disse Michael, que decidiu notificar o colégio por escrito em 10 de setembro.

No dia seguinte, ele foi chamado na unidade para uma conversa.

Na reunião, a escola pontuou providências que tomaria para sanar a situação, levando em consideração a faixa etária (entre 4 e 5 anos) das crianças.

Entre elas, estavam: reunião com as famílias para diálogo sobre diferenças e respeito; rodas de conversa com a turma trabalhando as diferenças do grupo, pautadas no respeito, acolhimento e solidariedade; literatura infantil sobre as diferenças; trabalho sobre diversidade e culturas por meio do projeto bimestral.

De acordo com o servidor público, a menina ficou quase dez dias sem frequentar a unidade, mas já retornou à escola.

“Estava difícil deixá-la em casa todos dias.

Eu estava fazendo o podia, peguei abonada e até a levei na clínica dos cachos em São Paulo para ela revigorar os cachos e, num salão onde todos tem a aparência parecida com a dela, ver que ela é linda e admirada”, afirmou o homem, que procura outra escola para a menina, pois crê que uma transferência em setembro seria inviável.

Escola Em nota, o colégio Objetivo Guarujá informou que não compactua com nenhuma forma de preconceito.

“Atuamos em favor da diversidade, do antirracismo e de ambientes acolhedores e empáticos.

E educamos para disseminar essa cultura.

Por isso, mantemos canais de escuta e acolhimento para a comunidade escolar manifestar denúncias.

Todas passam a ser imediatamente a investigadas de forma privada, com o zelo e a atenção exigidos quando tratamos de crianças”.

A escola informou que foi informada sobre a possível situação de racismo entre crianças no dia 2 de setembro e, imediatamente, iniciou uma observação técnica do quadro e passou a atuar em prol do “reforço da pauta da diversidade e do respeito às diferenças por meio de rodas de conversa e leituras com material didático pertinente”.

“Todo esse processo ocorreu pautado por nosso papel pedagógico, principalmente por se tratar de crianças de 4 anos, em processo inicial de formação psicossocial e de perspectiva do mundo.

É importante dizer que não tivemos nenhuma evidência, indício ou episódio de racismo nessa sala de aula antes de 2 de setembro.

Até essa data também não tivemos qualquer queixa ou reporte dos pais sobre a questão”.

O colégio afirmou que a ação imediata à denúncia e contemplou: observação técnica aprofundada do quadro; acolhimento da aluna; reforço da pauta da diversidade por meio de planejamento pedagógico, rodas de conversa e leituras; conversas presenciais com a família da outra criança envolvida; oferta de apoio psicológico à aluna.

“Ao mesmo tempo, demos total visibilidade ao caso, de forma proativa, à nossa comunidade escolar.

Sabemos que o tema não termina por aqui.

Vamos seguir acompanhando o caso e a aluna em sala de aula, a qual ela retornou, e atuando para garantir seu bem-estar em um ambiente antirracista”.

A escola também afirmou que todos os alunos são absolutamente diferentes entre si e a unidade respeita as diferenças, atuando em favor da diversidade.

“Focamos no desenvolvimento de suas plenas potencialidades considerando quem eles são, com suas diferenças e características únicas”.

“Para finalizar, queremos lembrar que a luta contra o racismo é complexa, desafiadora e exigente.

Estamos abertos a questionamentos, críticas e apontamentos e assumimos com total foco nosso papel na luta antirracista”, disse, em nota.

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