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Estudante relata ter sofrido racismo em loja de shopping da Zona Norte do Rio

Postado em 23 de Agosto de 2024


O caso é investigado pela Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi).

Enquanto isso, o Botafogo Praia Shopping ganhou selo antirracista ao se comprometer a adotar ações contra o preconceito.

Estudante sofre racismo em loja de shopping da Zona Norte do Rio Uma estudante relata que foi vítima de racismo em uma loja de um shopping da Zona Norte do Rio.

Ela registrou ocorrência na polícia, que investiga o caso. Yanca Ellen, de 24 anos, diz que o fato ocorreu no dia 12 de julho em uma unidade das Lojas Americanas no Carioca Shopping, Vicente de Carvalho.

Ela diz ter sofrido uma abordagem injusta e constrangedora.

"Eu acho triste, acho pesado, porque eu nunca pensei que ia passar por isso.

A gente que é preto sabe, a gente sabe o porquê disso, o nome disso”. Nas imagens das câmeras de vigilância, Yanca come um chocolate que havia acabado de comprar e está com uma sacola na mão.

“Quando eu entrei eu vi que tinha chocolate e estava na promoção 5 por 10, eu peguei o chocolate.

Fui no caixa, paguei e guardei tudo”, diz.

Na sequência do vídeo, um segurança da loja, de camisa vermelha, aparece atrás dela e faz a abordagem.

A moça procura ajuda de um segurança do shopping.

Segundo ela, que é modelo e estudante de enfermagem, o segurança da loja pede para ver as notas das compras e para tirar o casaco da bolsa.

"Ele falou que não ia sair do meu lado.

Eu achei um absurdo e eu falando que não tinha pegado nada.

Nisso tinham várias pessoas em volta olhando”, lamenta.

Diante de todo constrangimento, Yanca fez um boletim de ocorrência e o caso foi registrado na 22ª DP (Penha) no mesmo dia como crime contra o consumidor, por cobrança abusiva de dívidas, tipificação essa que o Ministério Público contestou.

De acordo com o MP, não houve cobrança de dívidas, mas sim desconfiança se a consumidora tinha furtado algo.

Ainda segundo o documento, como a consumidora sentiu a dignidade, a honra e o decoro ofendidos, o crime deveria ser do artigo 140 do código penal, como injúria. "O absurdo que foi feito ali no que diz respeito à tipificação do crime contra o consumidor foi algo que até o MP reparou.

Isso aconteceu exclusivamente pelo fato de ser uma mulher negra", diz o advogado criminalista Djeff Amadeus.

Na semana passada, Yanca esteve na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), no Centro do Rio.

Ela fez um novo boletim de ocorrência e agora, o caso é investigado como racismo.

Em nota, as Lojas Americanas informaram que a abordagem foi em desacordo com as diretrizes da empresa e que o segurança foi desligado. O Carioca Shopping informou que repudia qualquer tipo de discriminação e que prestou apoio à Yanca assim que tomou conhecimento do fato.

Já a Polícia Civil não respondeu por que o caso foi registrado pela primeira vez como crime contra o consumidor, e não injúria e racismo Yanca Ellen afirma ter sido vítima de racismo em uma unidade das Lojas Americanas no Carioca Shopping Reprodução/TV Globo Selo Antirracista Enquanto a polícia investiga a denúncia de Yanca, do outro lado da cidade, um shopping da Zona Sul ganhou nesta sexta (23) um selo antirracista por se comprometer a adotar ações contra o preconceito. A comissão de cumprimento das leis da Alerj fez uma ação no Botafogo Praia Shopping, Zona Sul do Rio, onde em fevereiro uma loja foi denunciada ao colocar bonecas brancas ao lado de um macaco e uma boneca negra na vitrine.

Representantes do Conselho de Defesa do Negro e da Polícia Civil se reuniram com a administração do shopping para pensar ações que evitem casos de racismo.

O local ganhou um selo antirracista.

Para o professor Moisés Machado, o racismo não é apenas um problema de pessoas negras.

“O objetivo aqui é alinharmos com o shopping medidas as quais tornarão os lojistas, as lojas mais capacitadas para lidar com o público preto.

Uma das medidas para que esse selo antirracista seja adotado na loja é a capacitação tanto da loja, quanto dos lojistas para lidar com o público negro.

Essa atitude é de suma importância porque demonstra uma preocupação da administração do shopping de que o racismo não é um problema só do negro, é um problema de todos.

Para que a gente combata de forma efetiva o racismo em sociedade são necessárias medidas antirracistas como essas.

É claro que é o caminho para que seja eliminado isso da sociedade é, mas ações como essas que nós podemos vislumbrar um mundo, um Brasil de mais equidade”, diz.

Carlos Minc, deputado estadual presidente da comissão diz que não basta a loja alegar que não é culpa do dono.

"A lei pune estabelecimentos que praticam racismo, intolerância religiosa ou LGBTfobia.

Não basta o estabelecimento dizer 'ah não foi o dono que fez', se lá existe um clima que se persegue pessoas por sua raça, por sua sexualidade, isso está demonstrado, isso pode dar multa pesada e em caso de reincidência interdição do estabelecimento”, explica.

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