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Em resposta a Lula, diretor da Anvisa diz que governo foi alertado reiteradas vezes sobre falta de servidores na agência

Postado em 23 de Agosto de 2024


Em discurso mais cedo nesta sexta, presidente se queixou de demora na liberação de remédios.

'A fala, entristece, agride, avilta e, acima de tudo, enfraquece a Anvisa', escreveu o diretor Barra Torres.

O diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, respondeu nesta sexta-feira (23) às críticas feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a suposta lentidão da agência na liberação de medicamentos.

Em nota oficial, Barra Torres afirmou que o governo federal foi reiteradamente alertado sobre a falta de servidores na Anvisa, o que tem impactado diretamente na agilidade dos processos. O diretor da Anvisa, Barra Torres Reprodução Mais cedo, durante a inauguração de uma fábrica da EMS em Hortolândia (SP), Lula se queixou publicamente da demora na liberação de remédios pela Anvisa, sugerindo que a agência deveria ser mais rápida para atender melhor os interesses do país.

"Quando algum companheiro da Anvisa perceber que algum parente dele morreu porque um remédio que poderia ser produzido aqui não foi porque eles não permitiram, aí a gente vai conseguir que ela seja mais rápida", declarou o presidente. Em sua resposta, Barra Torres classificou a fala do presidente como "entristecedora, agressiva e aviltante", afirmando que tais declarações enfraquecem a Anvisa tanto internamente quanto no cenário internacional.

Ele ressaltou que a agência reguladora opera com base em leis que determinam os procedimentos de análise e liberação de medicamentos no Brasil e que o número insuficiente de servidores, um problema conhecido pelo governo desde o período de transição, afeta diretamente o cumprimento de sua missão. Lula inaugura fábrica de medicamentos para diabetes e obesidade em Hortolândia O diretor da Anvisa destacou que, desde a eleição de 2022, a agência enviou 26 ofícios ao governo federal detalhando a escassez de pessoal e participou de diversas reuniões com ministros para discutir o tema.

A única medida concreta recebida até agora foi a liberação de 50 das 120 vagas previstas para concurso público em 2023.

"Com o número insuficiente de trabalhadores e com tarefas que só fazem crescer, o tempo para realização de tais tarefas só pode se tornar mais longo", argumentou Barra Torres. Ele também lamentou que, durante o atual governo, 35 servidores da Anvisa foram requisitados para trabalhar fora da agência, mais que o dobro do número no governo anterior, agravando ainda mais a escassez de pessoal.

O diretor enfatizou que "nenhuma morte de familiar é necessária" para acelerar o trabalho da Anvisa, mas sim um aumento do quadro de servidores e condições adequadas de trabalho. Por fim, Barra Torres defendeu a integridade e o compromisso dos servidores da Anvisa, especialmente durante a pandemia de Covid-19, quando a agência desempenhou um papel crucial na aprovação de vacinas e medicamentos.

"Ao nos qualificar de pessoas que precisam da dor da morte de entes queridos para fazer o próprio trabalho, equivoca-se o orador e coloca a população contra a Anvisa, que sempre a defendeu", concluiu.

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