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Farmácia natural: pesquisadora da UFJF estuda potencial das plantas no tratamento de inflamações, doenças de pele e na estética

Postado em 22 de Setembro de 2024


Brasil tem 47 mil espécies nativas, o que oferece um potencial para descobrir novos princípios ativos para medicamentos, cosméticos e suplementos.

Ora-pro-nobis, conhecida por seu alto teor proteico, possui atividade anti-inflamatória Arquivo pessoal Alecrim, hortelã, camomila, erva-doce, capim-cidreira e boldo são algumas das plantas conhecidas pela população para tratar resfriados, cólicas e melhorar a cicatrização.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 85% da população mundial faz uso de alguma fonte vegetal como remédio para tratamento de inúmeras doenças.

O uso de plantas medicinais é tão antiga quanto a civilização humana.

Registros de mais de 5 mil anos na China indicam a utilização de diversas ervas nos cuidados à saúde, alimentação e cosmética.

Receba no WhatsApp notícias da Zona da Mata e região A pesquisadora e professora do Departamento de Bioquímica do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) e coordenadora do Laboratório de Produtos Naturais Bioativos da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Elita Scio, estuda as propriedades dos extratos vegetais, investigando as características químicas e atividades farmacológicas para utilizá-los como ativos em medicamentos fitoterápicos, cosméticos e suplementos alimentares.

"O objetivo é investigar essas tradições à luz da ciência, buscando comprovar a eficácia e segurança de determinados usos das plantas", disse. Com cerca de 47 mil nativas, a riqueza de espécies no Brasil oferece um potencial para descobrir novos princípios ativos para medicamentos, cosméticos e suplementos, podendo tratar doenças que hoje não têm soluções eficazes. “Esses estudos podem gerar produtos sustentáveis, reduzir o impacto ambiental e promover o desenvolvimento econômico e social, inclusive nas áreas rurais e de floresta”, explica a pesquisadora. O estudo da biodiversidade também pode contribuir para a conservação e reflorestamento, ajudando a preservar ecossistemas e combater o desmatamento.

Aumento da demanda por produtos naturais A crescente demanda por tratamentos à base de plantas medicinais e fitoterápicos reflete uma tendência global em busca de alternativas naturais e maior foco em saúde e bem-estar.

Em 2021, o mercado global de fitoterápicos foi avaliado em US$ 138.464,39 milhões, segundo artigo do Business Research Insights.

O mercado atingirá US$ 246.365,84 milhões até 2032 e deve crescer a uma taxa anual de 5,38% durante o período de previsão. No Brasil, as vendas de medicamentos fitoterápicos aumentaram cerca de 13,5% entre 2020 e 2021, apesar de o mercado ainda ser relativamente pequeno, movimentando aproximadamente R$ 1 bilhão. Para Elita Scio, esse crescimento pode ser atribuído a vários fatores, como o interesse por estilos de vida saudáveis e autocuidado, intensificado pela pandemia, preocupação com o impacto no ambiente e a comprovação de pesquisas.

“Há uma conscientização crescente sobre os efeitos colaterais dos medicamentos sintéticos, o que leva muitas pessoas a buscarem alternativas naturais, frequentemente percebidas como mais seguras”.

No entanto, a pesquisadora destaca que embora essa crença seja comum, nem todos os produtos à base de plantas são necessariamente mais seguros que os medicamentos sintéticos.

“A segurança e a eficácia de qualquer substância, natural ou sintética, dependem de uma série de fatores e precisam ser comprovadas por meio de estudos científicos”. Políticas públicas, como a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos também promovem a integração dos fitoterápicos no Sistema Único de Saúde (SUS) e aumentam a confiança da população.

Neste documento constam 71 espécies com potencial terapêutico, com o objetivo de orientar a cadeia produtiva e o desenvolvimento de estudos. Poder contra inflamações, rejuvenescedoras e regeneradoras Quaresmeira tem potenciais na área de cosméticos, como a ação antioxidante e “anti-idade” Foto: Arquivo pessoal Uma das plantas estudadas pelo grupo é a Ora-pro-nobis (Pereskia aculeata), uma planta alimentícia não convencional (PANC) conhecida por seu alto teor proteico. "Nossos estudos revelaram que a Ora-pro-nobis possui uma significativa atividade anti-inflamatória tópica, tornando-a promissora para aplicações em produtos fitoterápicos para o tratamento de condições inflamatórias da pele, como as dermatites”. Outro destaque é a Embaúba (Cecropia pachystachya), símbolo de regeneração na floresta, que tem mostrado potencial para uso em cosméticos devido às suas propriedades antioxidantes e regeneradoras, benéficas para a saúde da pele.

Além disso, o laboratório estuda a Quaresmeira (Tibouchina granulosa), uma planta ornamental rica em compostos bioativos e com potencial na área de cosméticos, uma vez que tem ação antioxidante e “anti-idade”.

Segundo Elita, essas plantas não apenas têm um grande potencial inovador, mas também refletem o compromisso em transformar as descobertas científicas em soluções reais para a saúde e o bem-estar.

Integrantes da equipe do laboratório com a professora Elita Scio Foto: Arquivo pessoal *Estagiária sob supervisão de Victória Jenz. Siga o g1 Zona da Mata no Instagram e Facebook VÍDEOS: veja tudo sobre a Zona da Mata e Campos das Vertentes .

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