Em países asiáticos, sopa feita com órgão do animal é símbolo de riqueza e status social.
Prato é vendido por até US$ 100 dólares em restaurantes refinados na China.
Ceará tem 3ª apreensão de barbatana de tubarão em 7 dias; produto é avaliado em milhões TV Verdes Mares/Reprodução Uma operação da Receita Federal e do Ibama apreendeu nesta segunda-feira uma carga de 96 quilos barbatana de tubarão no aeroporto de Fortaleza.
Esta foi a terceira apreensão desse tipo de produto em Fortaleza em sete dias.
A barbatana é altamente cobiçada por traficantes para vender para mercados asiáticos, onde o produto é vendido como iguaria culinária e custa milhões de reais. Clique aqui para seguir o canal do g1 Ceará no WhatsApp Conforme a Receita Federal, a carga apreendida em Fortaleza seria levada para São Paulo e lá, para países asiáticos.
Os contrabandistas ensacam as barbatanas e declaram se tratar de outros peixes; porém, após fiscalização, os servidores descobriram se tratar do produto ilegal.
Em uma única operação no Ceará realizada na semana passada, foi apreendida o equivalente a R$ 3,7 milhões em barbatanas, na cidade de Cruz, situada no litoral oeste.
O conteúdo seguia para a China.
Três dias depois, outra carga ilegal com barbatanas de tubarões foi apreendida em Fortaleza.
Desta vez, eram 66 quilos do material declarados como ‘fios’.
A carga vinha de João Pessoa (PB) por via terrestre e foi interceptada na filial da transportadora por agentes da Receita Federal.
A mercadoria cruzaria o Ceará em direção a São Luís (MA), de onde seria despachada para a Ásia.
Ingrediente para 'sopa ostentação' A sopa de barbatana de tubarão é considerada uma iguaria em países asiáticos e vista como símbolo de riqueza, prestígio e status social Getty Images via BBC O material apreendido no Ceará incluía barbatanas extraídas do tubarão-azul (Prionace Glauca), que é ameaçado de extinção, e do tubarão-galha-branca-oceânico (Carcharhinus Longimanus).
A atividade pesqueira para extrair e transportar a barbatana de tubarão promete ganhos altos no comércio ilegal, principalmente no Leste Asiático.
Isso porque as nadadeiras podem ser usadas para preparar a sopa de barbatana, também conhecida como ‘sopa ostentação’.
Neste prato, a barbatana se desmancha na água durante o preparo, deixando suas fibras moles como se fosse um macarrão fino.
Historicamente, a iguaria era destinada para consumo apenas dos imperadores chineses.
Com o passar dos séculos, ela continuou sendo considerada um símbolo de opulência na China até o começo da Revolução Comunista no país, em 1949.
A partir de então, o apreço pelo prato foi criticado por uma sociedade que vivia uma crise política, econômica e de pobreza para a maior parte da população.
Barbatanas de tubarão congeladas apreendidas pelo Ibama em junho de 2023 Ibama/ Divulgação via BBC Apesar disso, a sopa de barbatana continua sendo sinal de riqueza, status social e prestígio na cultura da China e de outros países, como Singapura e Taiwan.
Na China, por exemplo, o prato pode ser vendido em restaurantes refinados por cerca de US$ 100 dólares (aproximadamente R$ 560).
É comum também que a sopa de barbatana seja servida em casamentos, festas de aniversário e nas celebrações do Ano Novo chinês.
Na China, também é usual oferecer a sopa em almoços e jantares para convidados como forma de demonstração de poder e status social.
Desta forma, a demanda representa um risco para as espécies ao redor do mundo.
Atividade ilegal Carga ilegal de 66 kg de barbatanas de tubarões é apreendida no Ceará A pesca direcionada de tubarões é proibida no Brasil.
No país, podem ser comercializados apenas os animais que foram capturados incidentalmente.
Conforme a Receita Federal, o objetivo dos criminosos nestas atividades ilegais é retirar as barbatanas dos tubarões por conta do alto valor da mercadoria no mercado mundial.
Na operação que apreendeu mais de 200 quilos da carga ilegal na cidade de Cruz, na terça-feira (17), a fiscalização constatou que o material infringia normas ambientais por não possuir documentos que comprovassem sua legalidade.
Os materiais apreendidos nas duas operações foram destinados ao Ibama para a adoção de providências administrativas.
As documentações das cargas também foram encaminhados às autoridades policiais para investigação e responsabilização criminal dos envolvidos.
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