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'O cara da vala': Olhar apurado faz técnico em saneamento retratar trabalho diário como obra de arte

Postado em 24 de Agosto de 2024


Desafiado por professor em curso de fotografia, Charles Silva criou perfil nas redes sociais para mostrar o cotidiano de quem trabalha na manutenção da rede de abastecimento de Campinas (SP).

A arte da 'vala': técnico em saneamento transforma trabalho diário em arte O simples ato de abrir a torneira e ter acesso a água potável não expõe a complexidade que existe para que esse bem essencial à vida chegue até as casas de milhares de pessoas.

E trabalhadores que são peças essenciais nessa engrenagem acabam, na maioria das vezes, invisíveis aos olhos da população. Em busca de uma forma de explicar tanto o processo como tirar da invisibilidade esses profissionais, o técnico de saneamento Charles Henrique da Silva recorreu a fotografia.

Usando o olhar de quem está na lida, ele transforma em arte os desafios do dia a dia. O resultado está no projeto "Os Caras da Vala", perfil nas redes sociais onde publica as fotos que tira enquanto está nas trincheiras abertas nas ruas de Campinas (SP).

Receba as atualizações do g1 Campinas no WhatsApp O g1 conversou com Charles para entender como tudo começou, as inspirações no cotidiano de manutenção da rede de abastecimento e os projetos. “Você não faz fotografia para deixar guardado, você quer expor e minha ideia é mostrar como o profissional do saneamento é um profissional técnico, só que ele também é um profissional braçal que sofre o sol, com a lama e com esforço físico”, diz. A arte da 'vala': técnico em saneamento transforma trabalho diário em fotos artísticas Charles Henrique da Silva O que você vai ver nessa matéria: As fotografias Onde tudo começou As fotografias Retratista do cotidiano, Charles costuma usar o próprio celular, que guarda na pochete, para fazer as imagens.

Ele não gosta de fotos posadas, no entanto, lembra que precisava pedir autorização dos colegas quando começou a fazer os registros. “Geralmente é aquele negócio, eu tô ali, tenho que me preocupar em cumprir minhas funções, mas eu vejo um momento, alguma coisa que ficaria legal.

Aí eu saco o celular, faço às vezes 10 fotos numa sequência, tento enquadrar da forma que visualizei e depois vou ver se ficou legal”, revela. Comenta que apesar de ter uma câmera profissional, ela não é prática para utilizar no dia a dia, então deixa o equipamento para o que chama de próxima fase do projeto, onde vai aproveitar os dias de folga para acompanhar a equipe em trabalhos mais complexos. A arte da 'vala': técnico em saneamento transforma trabalho diário em fotos artísticas Charles Henrique da Silva Charles comenta que tem como grande inspiração o trabalho de Sebastião Salgado, que registrou os trabalhadores do garimpo da Serra Pelada na década de 1980.

E que costuma utilizar poucos tratamentos, focando apenas em ressaltar o contraste de algumas cores como o vermelho ou o preto e branco. “Numa fotografia comum, colocar muito contraste no vermelho é um erro técnico, mas nesse caso eu faço de propósito para mostrar o barro.

Mostrar o vermelhão que fica em nossos uniformes.

Você pode lavar com o que você quiser que não sai”, explica. Onde tudo começou Charles trabalha na empresa de saneamento de Campinas há cinco anos e sempre gostou de tirar fotos de paisagens e animais, mas foi só depois de entrar em um curso de fotografia e ser desafiado pelo professor para um projeto que descobriu o potencial da arte. A escolha por registrar o cotidiano do trabalhador do saneamento básico surgiu quando percebeu que os amigos nunca entendiam direito como era o ofício, na prática.

E ponderou, que se os amigos não sabiam, o resto da população também não entenderiam. “Trabalha com saneamento, mas o que você faz? Na hora que comecei a mostrar fotos e vídeos, eles ficaram chocados [...] Não acredito que a água e esgoto chega até a minha casa através desse tipo de trabalho, esse tipo de manutenção.

Então esse foi a primeira coisa que me deu uma fagulha”, conta. Ele conta que inicialmente foi reunindo imagens em um arquivo e chegou até a enviar algumas fotos para concursos, editais e páginas onde os frequentadores fazem avaliações, tudo com objetivo de medir a aceitação do que produzia. Galerias Relacionadas A conta no Instagram foi criada apenas em fevereiro de 2024, mas logo começou a ganhar seguidores, que também começaram a mandar fotos e o técnico passou a selecionar e publicar nas redes sociais. “Meu professor até falou assim: ‘você foi criar um projeto e criou um movimento’.

Porque o pessoal começou também a tirar fotos, do seu dia de trabalho [...] o pessoal dos outros setores começou a me enviar fotos”, conta. Charles também comentou que passou a receber muitos comentários no privado, geralmente perguntando sobre o dia a dia, e se surpreendeu de que em apenas seis meses.

Além disso, a empresa já fez uma proposta de exposição e o professor do curso de fotografia está ajudando como curador e buscando locais para exposições.

“Quanto mais eu consegui divulgar esse trabalho para a sociedade, mais satisfeito eu vou ficar”, finaliza. *Sob supervisão de Fernando Evans VÍDEOS: Tudo sobre Campinas e região Veja mais notícias sobre a região no g1 Campinas

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