Antônio Barra Torres disse que o governo foi alertado várias vezes sobre a falta de servidores na agência.
Diretor-presidente da Anvisa rebate críticas após Lula cobrar mais agilidade na liberação de remédios Reprodução/Jornal Nacional O diretor-presidente da Anvisa rebateu as críticas do presidente Lula, que cobrou mais agilidade na liberação de remédios.
O presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e a ministra da Saúde, Nísia Trindade, participavam da inauguração de uma fábrica de remédios em Hortolândia, no interior de São Paulo.
No fim do seu discurso, Lula afirmou: "Não é possível o povo não poder comprar remédio porque a Anvisa não libera.
Essa é uma demanda que nós vamos tentar resolver.
Quando algum companheiro da Anvisa perceber que algum parente dele morreu porque um remédio que poderia ser produzido aqui não foi porque eles não permitiram, aí a gente vai conseguir que ela seja mais rápida e atenda melhor os interesses do nosso país." Segundo o Ministério da Saúde, a nova fábrica vai produzir liraglutida sintética, um produto que foi submetido para registro na Anvisa.
Se aprovada, a substância poderá ser usada para tratamentos contra diabetes e obesidade.
Para ser vendido no Brasil, qualquer medicamento precisa de autorização da agência.
O diretor-presidente da Anvisa reagiu à cobrança do presidente Lula e divulgou uma carta aberta.
Antônio Barra Torres disse que "o atual governo federal foi alertado que o número insuficiente de servidores traria impacto direto no cumprimento da missão da agência, desde o gabinete de transição".
E que "a Anvisa enviou 26 ofícios expondo o problema da falta de pessoal e participou de reuniões com ministros, sobre o mesmo tema".
Afirmou que, "com número insuficiente de trabalhadores e com tarefas de trabalho que só fazem crescer, o tempo para realização de tais tarefas, só pode se tornar mais longo". O documento apontou ainda que, durante o atual governo, 35 servidores da agência foram requisitados para trabalhar fora da Anvisa, ou seja, sem a possibilidade de negativa.
E que, "se não há pessoas trabalhando em número suficiente, o trabalho leva mais tempo para entregar resultados".
Na carta, Barra Torres disse: "Ao nos qualificar de pessoas que precisam da dor da morte de entes queridos para fazer o próprio trabalho, equivoca-se o presidente Lula e, mesmo não desejando, coloca a população contra a Anvisa, que sempre a defendeu." E completou: "A fala entristece, agride, avilta e, acima de tudo, enfraquece a Anvisa, internamente e no cenário internacional, onde é referência para inúmeros países, fruto de árduo trabalho, por mais de 25 anos." Barra Torres finalizou a carta afirmando que "nenhuma morte é necessária.
Nenhuma morte de familiar é necessária.
Necessário é que mais pessoas, possam se somar a nós, em nosso trabalho.
Necessário é que gestores públicos, responsáveis por gerar condições de trabalho, cumpram com seus deveres e não terceirizem suas próprias responsabilidades". Em outra carta, a Associação dos Servidores da Anvisa afirmou que "as decisões da agência são pautadas pela responsabilidade, pelo rigor técnico e pela ciência, visando sempre à proteção da vida e da saúde dos cidadãos.
As atividades altamente complexas para garantir a qualidade, segurança e eficácia dos produtos disponibilizados para a população brasileira seguem padrões reconhecidos e harmonizados internacionalmente". Na tarde deste sábado, o Ministério da Saúde divulgou uma nota: "O governo federal tem ciência da situação em que encontrou a Anvisa em 2023 no início da gestão do presidente Lula" e "reconhece todo o trabalho e excelência da Anvisa".
O comunicado afirma que o ministério defende "uma Anvisa com a mesma autonomia técnica que permitiu respostas ao negacionismo do governo anterior" e que "a concepção original da agência previa, entretanto, o alinhamento a política nacional de saúde e a observância das prioridades dessa politica".