Missão Polaris Dawn deverá levar quatro tripulantes para ponto mais distante da Terra já alcançado por humanos desde o fim do programa Apollo, em 1972.
Ela deve ter cinco dias de duração.
Missão Polaris Dawn usará propulsor Falcon 9 Divulgação/SpaceX A SpaceX, do bilionário Elon Musk, quer alcançar uma nova etapa em sua empreitada no turismo espacial.
A meta da empresa agora é realizar a primeira caminhada espacial da história em uma missão comercial, batizada de Polaris Dawn. Neste caso será usada a nave Crew Dragon, e não a Starship, a maior do mundo.
A missão poderá atingir outro feito: alcançar 1.400 km de altitude, o que será o ponto mais distante da Terra alcançado por humanos desde o programa Apollo, encerrado em 1972.
A Estação Espacial Internacional (ISS), por exemplo, fica a 420 km da Terra. O plano é levar quatro passageiros em um voo de cinco dias partindo do Kennedy Space Center, base da Nasa, na Flórida, Estados Unidos.
O lançamento está previsto para as 2h38 (horário de Brasília) desta terça-feira (27), mas poderá ser adiado para o final da manhã ou para quarta-feira (28). No terceiro dia, dois passageiros da Polaris Dawn poderão deixar a nave e flutuar no espaço por alguns instantes, a 700 km da Terra. Esta será a primeira missão do programa Polaris, organizado pelo bilionário Jared Isaacman, um dos passageiros deste voo.
Outros dois voos dentro dessa iniciativa são previstos pela SpaceX, incluindo um com a Starship, a maior nave espacial do mundo. Biolionário Jared Isaacman olhando para a Terra através do domo da cápsula da SpaceX, na primeira missão a enviar apenas civis ao espaço, sem um astronauta profissional, em 2021 Redes sociais/Inspiration4 Como será o voo? A expectativa é de que o voo tenha cinco dias de duração, com momentos-chave da missão logo após o lançamento.
Segundo a SpaceX, os primeiros minutos após a decolagem devem seguir as etapas abaixo: 58 segundos após o lançamento: foguete Falcon 9 atinge o "Max Q", como é conhecido o pico de estresse mecânico; 2min38: motores do 1º estágio (Falcon 9) são desligados; 2min42: 1º e 2º estágios do veículo espacial se separam; 2min51: motores do 2º estágio são ligados; 7min39: reentrada do 1º estágio na atmosfera; 8min59: motores do 2º estágio são desligados; 9min35: 1º estágio pousa em uma embarcação da SpaceX no Oceano Atlântico; 12min16: Crew Dragon, cápsula onde está a tripulação, se separa do 2º estágio e continua voo; 12min58: "nariz" da Crew Dragon, no topo da cápsula, começa a abrir. Polaris Dawn, missão planejada pela SpaceX Divulgação/SpaceX Crew Dragon, nave da SpaceX Divulgação/SpaceX Como será a caminhada espacial? Flutuar no espaço exigirá uma preparação nas 45 horas anteriores, segundo a agência de notícias Reuters. Os tripulantes passarão por um processo de "pré-respiração", voltado para preencher a cabine da nave apenas com oxigênio.
A ideia é evitar a presença de nitrogênio, que, se estiver na corrente sanguínea, pode bloquear o fluxo de sangue nos passageiros. Antes da saída, a Crew Dragon é despressurizada e exposta ao vácuo do espaço.
A caminhada espacial também exige trajes específicos, que foram desenvolvidos pela SpaceX para esta missão. O uniforme batizado de traje para atividade extraveicular (EVA, na sigla em inglês) foi fabricado com materiais dos foguetes da empresa, um visor e uma câmera de última geração no capacete, além de tecidos térmicos e um design que promete dar mais mobilidade aos astronautas. Representantes da SpaceX e os passageiros da Polaris Dawn dizem que planejaram vários cenários de contingência caso algo dê errado na missão, como vazamento de oxigênio ou falha para vedar novamente o domo da Crew Dragon. A SpaceX desenvolveu uma roupa espacial própria para a missão Polaris Dawn. Reprodução Quem são os passageiros? Jared Isaacman (comandante), presidente-executivo do serviço de pagamentos americano Shift4.
Em 2021, ele bancou e participou da missão Inspiration4, também da SpaceX, em que tripulantes civis ficaram na órbita da Terra durante três dias, sem a presença de astronautas profissionais, sum feito histórico no turismo espacial. Scott Poteet (piloto), tenente-coronel aposentado da Força Aérea americana. Sarah Gillis (especialista de missão), engenheira de operações espaciais da SpaceX, responsável pelo programa de treinamento da empresa para astronautas. Anna Menon (especialista de missão e médica), engenheira de operações espaciais da SpaceX e responsável por gerenciamento de missões. Isaacman tem uma fortuna de quase US$ 2 bilhões (R$ 11 bilhões).
Ele é o único da tripulação com experiência em voos espaciais – em 2021, ele financiou a Inspiration4, primeira missão espacial totalmente civil a orbitar a Terra. Isaacman também está financiando o programa Polaris e, apesar dele ter se recusado a dizer quanto gastou, estima-se que o valor tenha chegado a US$ 100 milhões (R$ 550 milhões), segundo a Reuters. Os passageiros estão se preparando há dois anos para a missão, período em que treinaram paraquedismo, pilotagem de aeronaves, voo em gravidade zero, entre outras técnicas. Qual o objetivo da missão? Além do turismo espacial, a missão servirá para realizar 36 experimentos científicos.
Um deles envolve o uso de lentes de contato inteligentes para medir como uma altitude tão significativa altera o organismo, em especial a pressão intraocular. O estudo realizado em parceria com a Universidade do Colorado em Boulder, nos EUA, busca obter mais informações sobre a chamada síndrome neuro-ocular associada a viagem espacial (SANS, na sigla em inglês). A presença prolongada no espaço pode alterar a visão, já que os fluidos do corpo se deslocam para a cabeça, exercendo pressão sobre os olhos.
A SANS pode alterar a capacidade de foco, em alguns casos de forma permanente. Uma das pesquisas realizadas na missão será feita com o uso de lente de contato inteligente. Reprodução Veja vídeos sobre a SpaceX: SpaceX: 6 fatos sobre a missão que levou quatro civis para o espaço em 2021 SpaceX faz 1º voo bem-sucedido com a Starship em junho de 2024 Foguete da Starship explode após decolar para primeiro voo teste, em abril de 2023