Com a vitória de Ricardo Nunes, o psolista afirmou que o resultado para os partidos de oposição foi adverso em várias capitais do Brasil e pediu empenho da militância para o que chama de 'batalhas futuras', fazendo referência indireta à eleição presidencial de 2026.
Guilherme Boulos (PSOL) em discurso após resultado das urnas Reprodução/TV Globo Derrotado pela 2ª eleição seguida na eleição para prefeito da cidade de São Paulo, o candidato do PSOL, Guilherme Boulos, disse neste domingo (27), após a apuração final dos votos, que perder faz parte do jogo, mas que a campanha de 2024 serviu para a esquerda recuperar sua dignidade.
“A gente não ganhou essa eleição.
Faz parte.
Eleição se perde e se ganha, o que a gente não perde é nossa dignidade.
Por mais que a gente tenha perdido na urna, a gente teve uma vitória importante, que foi recuperar a dignidade da esquerda.
Daquilo que a gente acredita, de olho no olho.
De falar com o povo.
De ir na praça pública e falar com as pessoas.
É isso que importa para o futuro que vai vir, para as batalhas que a gente vai ter”, afirmou. Após a derrota, Boulos discursou para apoiadores que o aguardavam na Casa de Portugal, no bairro da Liberdade, Centro de São Paulo, por volta das 19h30.
No discurso, o psolista afirmou que o resultado para os partidos de oposição foi adversos em várias capitais do Brasil e pediu empenho da militância para o que chama de "batalhas futuras", fazendo referência indireta à eleição presidencial de 2026.
"A nossa luta não começou hoje e não acaba aqui.
Eu tenho muita confiança que apesar de um resultado eleitoral adverso não só aqui em São Paulo, em todo o Brasil, que o futuro vai ser nosso eu tenho muita confiança pelos exemplos, inclusive que a gente deu nessa campanha", declarou. Ele também agradeceu os apoios que teve ao longo da campanha e disse que foi vítima de vários crimes eleitorais ao longo do 1° e 2° turnos das eleições.
"Obrigado, gente! Olha eu não vou falar aqui das mentiras e dos ataques que definiram essa eleição.
Eu não vou falar aqui do crime eleitoral cometido pelo governador de São Paulo hoje.
Disso, a justiça cuide.
Eu não vou.
Eu não vou fazer aqui um discurso de perdedor porque a gente perdeu uma eleição mas nessa campanha a gente recuperou a dignidade da esquerda brasileira.
A gente mostrou que é possível fazer política de outro jeito olho no olho, debatendo com povo de peito aberto nas praças nas ruas com muita dignidade, a gente mostrou o caminho que nos espera no futuro que é de conversar de corpo e alma com as angústias do nosso povo, foi isso que a gente fez nessa campanha", declarou.
Resultado do 2° turno Ricardo Nunes e Tarcísio de Freitas se abraçam após vitória Fábio Tito/g1 Fechadas as urnas neste 2° turno, Ricardo Nunes (MDB) foi reeleito neste domingo (27) prefeito de São Paulo com 59,56% dos votos válidos, derrotando o candidato do PSOL. O resultado saiu às 18h43 com 89,78% das urnas apuradas.
Boulos teve 40,43% dos votos válidos.
Os adversários tiveram cerca de 1 milhão de votos de diferença.
Ele toma posse para o novo mandato em 1º de janeiro de 2025, e terá como vice o Coronel Mello Araújo (PL), indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A vitória do emedebista ocorreu em meio a maior abstenção da história da cidade de São Paulo em um segundo turno: mais de 31% dos eleitores não compareceram às urnas neste domingo (27). Em seu discurso de vitória, Nunes agradeceu a Deus, à família, ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), a quem chamou de "líder maior", e afirmou que vai governar para todos e que o equilíbrio venceu o extremismo.
"Eu agradeço muito a Deus, agradeço à minha família.
Queria deixar agradecimento especial a minha esposa regina (aclamada), que esteve sempre ao meu lado, em todos os momentos da minha vida e sofreu enormes maldades nessa campanha.
E ao líder maior, sem o qual não teríamos ter tido essa vitória, govenador Tarcísio de Freitas", disse.
"Não é hora de olhar para trás, a hora da diferença passou, vamos governar para todos, porque todos merecem igual respeito por parte de quem governa, aos que acompanharam essa eleição histórica, a democracia deixou uma grande lição, para nós da cidade de São Paulo, o equilíbrio venceu todos os extremismos", completou.
Nunes também lembrou seu antecessor Bruno Covas (PSDB), morto em 2021.
O atual prefeito foi reeleito com amplo leque de alianças políticas, formando coligação que engloba doze partidos (PP, MDB, PL, PSD, Republicanos, Solidariedade, Podemos, Avante, PRD, Mobiliza, União Brasil).
O acordo garantiu o maior tempo de propaganda de TV no primeiro turno.
Em uma campanha marcada por ataques, agressões, e processos, Nunes ainda enfrentou neste domingo uma nova ação e uma queixa-crime de Boulos, após seu principal cabo eleitoral, o governador, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmar que o PCC enviou supostos salves para que familiares de presos fossem orientados a votar no psolista.
O TRE nunca recebeu relatório sobre essas supostas mensagens.
Ricardo Nunes (MDB) é reeleito prefeito de São Paulo Bonner e LoPrete comparam mapa dos votos do 1° e do 2° turnos em São Paulo Campanha disputada Nunes foi reeleito depois de um primeiro turno apertado, onde passou para o 2° turno com uma diferença de apenas 81.865 votos em relação ao terceiro colocado, Pablo Marçal (PRTB), e com diferença de 25 mil votos em relação a Guilherme Boulos (PSOL).
O prefeito enfrentou um 1° turno duro, com várias acusações de má administração e com uma reprovação (28%) maior do que a aprovação (26%), segundo a pesquisa Datafolha de 24 de outubro.
Por já estar no cargo, ele foi o principal alvo dos adversários nos treze debates que aconteceram com a presença do prefeito no 1° e no 2° turnos.
Ricardo Nunes (MDB) e Pablo Marçal (PRTB) em debate na RedeTV, nesta terça (17). TABA BENEDICTO/ESTADÃO CONTEÚDO Em duas oportunidades, bateu boca com o adversário Pablo Marçal ao ter a família citada nos debates e ser acusado de pertencer a chamada “máfia das creches”.
Ele sempre negou participação em qualquer esquema e repetiu durante toda a campanha que nunca foi processado ou condenador por malfeitos com dinheiro público.
O marqueteiro de campanha de Nunes, Duda Mendonça, chegou a ser agredido com um soco no rosto desferido pelo videomaker de confiança da campanha de Marçal, após o debate promovido pelo grupo FlowPodcast.
Nahuel Medina (centro), sócio e assessor de campanha de Pablo Marçal (PRTB), acertou um soco no rosto de Duda Lima, da campanha de Ricardo Nunes (MDB). Reprodução/Redes Sociais Com o crescimento de Marçal nas pesquisas, Nunes chegou a ser ameaçado de ir ao 2° turno, segundo as pesquisas, e teve o apoio incondicional do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) para se recuperar.
Ao lado de Tarcísio, Nunes fez várias agendas de campanha e levou o padrinho político várias vezes à tv e ao rádio para endossar a candidatura perante os eleitores da extrema direita.
Embora tivesse desde o início o apoio formal de Jair Bolsonaro (PL), que indicou o vice da chapa, o coronel Mello Araújo, o ex-presidente se manteve afastado da campanha em São Paulo e evitou fazer gestos profundos de apoio ao agora prefeito reeleito.
Em mais de 60 dias de campanha, Bolsonaro apareceu ao lado de Nunes apenas uma vez, nesse segundo turno, em uma churrascaria da Zona Sul da capital paulista.
Para compensar da ausência de Jair, Tarcísio de Freitas foi o principal fiador do aliado e, ao lado dele, percorreu diversas igrejas evangélicas da cidade em busca de apoio do eleitorado conservador, mesmo Nunes sendo um católico fervoroso e praticante.
Tarcísio, Bolsonaro e Nunes em agenda nesta terça (22). Divulgação Com esse apoio, Ricardo Nunes venceu o 1° turno numericamente, conquistando 1.801.139 votos.
No segundo turno, ele se ausentou de ao menos três debates de campanha transmitidos por rádio e tv, “jogando parado”, como diz o marketing político, se apoiando na alta rejeição do adversário Guilherme Boulos, que é ex-coordenador do Movimentos do Trabalhadores Sem Teto de SP (MTST).
O último encontro entre Nunes e Boulos na TV aconteceu no debate da Globo na sexta-feira (25), onde os dois tiveram frente a frente para debater os planos para a cidade.
Quem é Ricardo Nunes O candidato Ricardo Nunes (MDB) e os filhos, noras e genros que o acompanharam no debate de 2° turno da TV Globo. Fábio Tito/g1 Ricardo Nunes (MDB) tem 56 anos, é empresário, e atual prefeito da capital paulistana.
Essa foi a primeira eleição que ele disputou em São Paulo para cargo majoritário.
Ele assumiu a cadeira de prefeito em 2021, após a morte de Bruno Covas em virtude de um câncer.
Em 2012, foi eleito vereador com mais de 30 mil votos.
Em 2016, se reelegeu com 55 mil votos. Durante seis anos, foi o relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias e do Orçamento da capital.
Casado há 27 anos com Regina Carnovale Nunes, tem três filhos e um neto.
Nasceu na Zona Sul da capital paulista, é do signo de escorpião e palmeirense.
Em entrevista ao g1, confessou ser fã do padre Marcelo Rossi, adorar novelas e “pai” de quatro cachorros: Yuri, Apolo, Sissi e Milk.