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Seca e queimadas: conheça o trabalho de conscientização e prevenção feito por brigadistas voluntários do Lago Oeste, no DF

Postado em 27 de Agosto de 2024


Região de Cerrado é afetada pela estiagem e áreas rurais são castigadas pelo fogo provocado por ação humana.

Para garantir vigilância permanente, voluntários atuam como protetores do Cerrado.

Brigadistas da Brigada Voluntária Guardiões da Cafuringa, no Lago Oeste, Distrito Federal Instagram/Reprodução Em época de seca, o Distrito Federal sofre com os efeitos da estiagem, com doenças respiratórias, crises alérgicas e desde o último domingo (25), Brasília está com o céu encoberto pela fumaça, decorrente de incêndios ocorridos em outras regiões do país (saiba mais abaixo). Clique aqui para seguir o canal do g1 DF no WhatsApp. Algumas áreas do DF, principalmente as rurais, como o Núcleo Rural Lago Oeste, são duramente castigadas pelo fogo provocado por ação humana no período de estiagem, que vai de maio até setembro.

Para garantir uma vigilância permanente, brigadistas voluntários atuam como protetores do Cerrado. No Lago Oeste, Região Administrativa de Sobradinho II, há quatro brigadas voluntárias: Brigada Voluntária Guardiões da Cafuringa Brigada Voluntária Córrego de Ouro Brigada Voluntária Feminina Lobélia Brasilienses Brigada Voluntária Canela de Ema Área queimada no Núcleo Rural Lago Oeste, no DF Reprodução De acordo com a brigadista voluntária da Guardiões da Cafuringa, Caroline Dantas, as brigadas foram criadas pelos próprios moradores para conscientizar a população local sobre a importância de preservar a região. "A gente entende que o brigadista não tem a função de combater o incêndio.

O brigadista vai pro combate direto ao incêndio quando tudo dá errado, quando essas estratégias de prevenção falham.

Mas a função prioritária do brigadista é a prevenção e a educação ambiental", diz Caroline. Brigadista civil desde os 19 anos, aos 38 anos Caroline tem muitas histórias para contar.

Ela lembra que atuou pela primeira vez quando o fogo chegou até a casa da família, em 2016, e que entre 2016 e 2019 os voluntários do Lago Oeste enfrentaram o fogo inúmeras vezes para socorrer os vizinhos. "Não tínhamos nenhum equipamento adequado, sem EPI's.

Nessa ocasião, meu marido ficou cercado pelo fogo e teve 40% do corpo queimado.

Ele ficou 67 dias internado e passou por mais de 40 cirurgias", conta Caroline.

Paulo Lima, marido de Caroline, também faz parte dos Guardiões da Cafuringa.

Ele conta que foi criado na região da Fercal, outra área do DF que sofre com queimadas.

"Todo ano a gente combatia um incêndio e sempre um incêndio maior, até que chegou esse de 2019, que ficou queimando por mais de uma semana.

A gente ofereceu ajuda a esse casal de idosos que mora aqui pertinho, e quando eu já estava lá, no meio do combate, o fogo aumentou e formou um paredão muito rápido", conta Paulo. Depois da tragédia – e do milagre na vida de Paulo Lima, como a família costuma se referir às queimaduras por todo corpo – o casal começou a brigada voluntária e o trabalho de conscientização na região.

"A gente criou um grupo de moradores mais próximos, engajados na causa, e a gente mobilizou a brigada voluntária que foi crescendo.

Até que em 2022, a gente fez parte do primeiro Encontro Nacional de Brigadas Voluntárias em Belo Horizonte (MG).

Lá a gente entendeu que existia possibilidade de se profissionalizar, se regulamentar, buscar cursos, formação, buscar capacitação e principalmente captação de recursos", explica Caroline.

"Hoje a gente trabalha de forma muito associada ao manejo integrado do fogo, que é uma política de prevenção e combate a incêndios, mas que trata várias outras nuances como a educação ambiental local, como a cultura ancestral de manejo do fogo.

Entender as comunidades quilombolas, comunidades ancestrais, como elas lidavam com o fogo, trazendo essas tecnologias pro hoje, pra que a gente possa realmente evitar que os incêndios sejam causados", diz a voluntária. 'Não existe fogo sem ação humana nesta época do ano', diz professora da UnB Senado aprova proposta de manejo de fogo para conter queimadas Segundo Caroline Dantes, o trabalho voluntário tem surtido efeito.

"Os incidentes diminuíram muito através da educação ambiental e através dos combates.

Porque quando a gente vai combater os incêndios a gente prioritariamente chega lá conversa com a galera.

Quem foi que colocou fogo? A gente pergunta e explica que não devia ter acontecido assim, que a forma correta é outra". "Quando foi um fogo causado de forma proposital, a gente incentiva que as pessoas que sofrem danos nas suas propriedade, que elas procurem a lei.

Existe uma grande dificuldade nossa, a gente tem a lei 9.605, que no artigo 41, prevê que é crime ambiental passivo de multa de até R$ 6 mil e até reclusão de quatro anos", diz Caroline. VEJA AQUI a íntegra da lei sobre crimes ambientais Os brigadistas voluntários só vão para o combate ao fogo depois de terem uma formação feita pelo ICMBio, ou pelo Ibama.

Mas eles usam os próprios carros e, normalmente, é a comunidade que ajuda com doações para manter o trabalho. Três dias de fumaça no céu de Brasília e sem previsão de chuva O Distrito Federal está há quase 130 dias sem chuva, e não há previsão para o fim da estiagem.

De acordo com os bombeiros, no último fim de semana foram registrados 200 focos de incêndio no DF.

Mas as causas da fumaça concentrada no céu de Brasília, segundo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) e especialistas foram: Tempo seco Baixa umidade Queimadas em áreas próximas, em São Paulo, na Floresta Amazônica e em Mato Grosso E como essa fumaça dos incêndios chegou até o DFDe acordo com especialistas, a explicação está na direção dos ventos. A meteorologista do Climatempo Josélia Pegorim explica que uma massa polar vinda do sul começou a empurrar a massa de ar poluído para cima, atingindo o DF (veja vídeo abaixo). Massa de ar polar empurra fumaça para região do DF. LEIA TAMBÉM: VÍDEO: incêndio florestal atinge Lago Oeste, no DF, há 3 dias; fogo chega próximo às casas AÇÃO CRIMINOSA: 'Não existe fogo sem ação humana nesta época do ano', diz professora da UnB Leia mais notícias sobre a região no g1 DF.

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