Medievalista que encontrou 28 textos do século 13 escondidos em museus e bibliotecas espalhados pelo mundo está em Brasília.
Trabalho de 10 anos de pesquisa foi consolidado em três livros.
Imagem mostra manuscrito original da idade média sobre personagem Segurant. Divulgação/Editora Nemo Prateleiras de museus e bibliotecas espalhadas pelo mundo guardavam um tesouro da literatura.
Manuscritos da Idade Média "redescobertos" por um pesquisador italiano confirmam a existência de mais um personagem na lenda de Rei Artur (entenda abaixo). O rei Artur é uma das principais figuras do folclore britânico.
Ao conseguir retirar a espada Excalibur de uma rocha, ele passou a governar a Bretanha junto com os "Cavaleiros da Távola Redonda".
Todas as histórias e personagens ligados ao rei são consideradas lendas, não existindo fontes que comprovem sua real existência. Segurant, o misterioso cavaleiro que lutou contra um dragão, foi esquecido de uma das narrativas mais famosas do mundo.
O responsável pela descoberta é o medievalista, arquivista-paleógrafo e autor italiano Emanuele Arioli, que está em Brasília e conversou com o g1. Arioli percorreu sete países e encontrou 28 manuscritos.
Alguns, em péssimo estado de conservação, queimados ou em pedaços. "Hoje se diz que 90% dos escritos da Idade Média não existem mais, mas isso é um dado abstrato.
Ver esses milhares de manuscritos queimados, pensando que cada um poderia ter uma história que nós não temos, foi muito emocionante", diz o historiador.
Depois de mais de 10 anos de pesquisa, Arioli consolidou as descobertas em três livros agora lançados no Brasil.
"Segurant: o Cavaleiro do Dragão" reúne 28 textos do século 13, adaptados em três diferentes gêneros: romance, história em quadrinhos e livro infantojuvenil. Clique aqui para seguir o canal do g1 DF no WhatsApp. Quem é o cavaleiro Segurant Imagem mostra figura encontrada em manuscrito da Idade Média sobre personagem Segurant Divulgação/Editora Nemo Arioli conta que Segurant, diferentemente dos outros cavaleiros da Távola Redonda que se aventuravam pela mão de uma dama, estava condenado a passar a vida perseguindo um dragão que não existe. "Ele foi enfeitiçado.
Essa ideia é muito original, porque é um dragão que não tem corpo, ele é puro espírito.
Então, é uma busca impossível.
O princípio do romance arturiano é sempre esse, de fazer uma busca impossível", diz o autor. O escritor explica ainda que, nas histórias, é dito que Segurant só teria seu feitiço quebrado pelo Santo Graal – cálice "sagrado" desaparecido e cobiçado pelos Cavaleiros da Távola Redonda.
Mas em uma década de pesquisa ele não teve nenhuma pista que levasse à existência do Santo Graal. "Eu nunca 'encontrei o Graal'.
Então, o romance está quase completo, falta essa parte", diz Arioli.
Como tudo começou Arioli encontrou partes do romance de Segurant em cópias espalhadas entre a Itália, a França, a Suíça, Bélgica, Alemanha, Grã-Bretanha e os Estados Unidos.
O primeiro fragmento foi descoberto ao acaso, na Biblioteca do Arsenal, em Paris, e fazia parte de um texto intitulado "As Profecias de Merlin". Não se sabe exatamente por qual motivo a história de Segurant caiu esquecimento, mas há algumas hipóteses: Uma delas, segundo o autor, é o fato de que, desde o fim do século 13, compiladores passaram a copiar episódios sem relação entre eles, de modo que um mesmo texto, antes parte de um longo romance, passava a existir fragmentado em dezenas ou até centenas de manuscritos; Outra hipótese tem a ver com a Igreja.
No século 16, as "profecias obscuras de Merlin" foram colocadas no Índex dos Livros Proibidos; Incêndios acidentais ou criminosos também queimaram os locais de conservação dos manuscritos nos séculos seguintes. Em busca do Graal Trecho do documentário “O Cavaleiro do Dragão: o romance perdido da Távola Redonda” Emanuele Arioli diz que a pesquisa continua.
Assim como Segurant persegue um dragão espiritual e um Graal misterioso, o pesquisador está em busca de manuscritos que ele ainda não sabe se existem de fato.
Por isso, a conclusão da história do cavaleiro segue em aberto.
"Minha pesquisa continua, mas foi uma aventura incrível.
Esses 28 manuscritos, eu encontrei em 7 países diferentes e, alguns deles, foi como um milagre encontrar", conta o historiador. LEIA TAMBÉM: SECA E QUEIMADAS: conheça o trabalho de conscientização e prevenção feito por brigadistas voluntários do Lago Oeste, no DF VÍDEO: Veja como a fumaça tomou conta do DF em pouco mais de 12 horas Leia mais notícias sobre a região no g1 DF.