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'Aves venenosas': espécies da Oceania usam toxina como defesa

Postado em 21 de Agosto de 2024


Substância causa paralisia, dormência e pode ser fatal para humanos.

Veneno é obtido através da alimentação e fica alojado na pele e nas penas da ave.

O pitohui-encapuzado (Pitohui dichrous) se alimenta de besouros venenosos markuslilje/iNaturalist Quando pensamos em animais venenosos, os primeiros que lhe vem à cabeça são, provavelmente aranhas, cobras e escorpiões.

Mas o que pouca gente sabe é que também existem aves venosas.

Elas não têm o mecanismo de produção de veneno, como as serpentes, mas se tornam venenosas ao se alimentar de uma espécie de besouro.

O gênero Pitohui engloba quatro espécies de aves, todas da Papua-Nova Guiné, na Oceania, sendo que há conhecimento da ocorrência de veneno em pelo menos três.

“A espécie mais conhecida é pitohui-de-capuz (Pitohui dichrous), que fica com toxinas na pele e pena”, explica o ornitólogo Fernando Igor. Segundo o ornitólogo, o besouro que possui essa toxina é da família Melyrida, o mesmo responsável pelo veneno presente em pererecas coloridas da família Dendrobatidae (típicos da Amazônia e América Central), alguma das mais venenosas do mundo.

Um desdobramento interessante é que já tinha sido investigado como os anfíbios conseguem ingerir insetos tóxicos para sintetizar os venenos e não se envenenarem no processo.

Nos estudos, descobriram que existem mutações específicas em genes que impedem as ações dos venenos.

Os pitohuis são nativos da Papua-NovaGuiné gee912/iNaturalist Quando isso foi investigado nas aves, encontraram mecanismos bem parecidos, mas não idênticos.

“Aves e sapos possuem um mesmo ancestral comum, mas eles se separaram há muito tempo.

Então as mutações em sapos e aves foram independentes, mas chegaram aos mesmos resultados”, explica o ornitólogo Guilherme Brito. O veneno presente nos pitohui tem a capacidade de provocar paralisia no corpo dos seres vivos (inclusive nos músculos do coração), podendo causar a morte de animais em contato com ele.

“Seu veneno é usado para defesa contra predadores.

No contato com a boca, os olhos e as mucosas nasais ou ferimentos na pele começam a sentir dormência e paralisia no local”, explica o ornitólogo. A descoberta foi realizada pelo pesquisador John Dumbacher, da Universidade de Chicago; Ao pegar um dos pássaros nas mãos, sofreu um arranhão.

Ele então chupou o dedo e sentiu a boca formigar.

Foi quando moradores locais o informaram que se tratava de uma ave venenosa.

O pesquisador publicou essa descoberta em 1992 em uma revista científica. Os Pitohui são espécies florestais, mas podem ser encontradas em matas secundárias e bordas.

Além de insetos, alimentam-se também de frutos. Outras espécies Além das aves que pertencem ao gênero dos Pitohui, há mais duas espécies originárias da Papua-Nova Guiné que também possuem a batracotoxina devido à alimentação: o assobiador-regente (Pachycephala schlegelii) e o sineiro-de-nuca-ruiva (Aleadryas rufinucha). O assobiador-regente (Pachycephala schlegelii) adiquire a toxina por meio de sua dieta markuslilje/iNaturalist Batracotoxina Presente nos besouros da família Melyridae, a batracotoxina é um potente alcaloide neurotóxico que afeta os canais de sódio nas células nervosas, resultando em paralisia e, em doses elevadas, pode ser letal até mesmo para os seres humanos.

*Texto sob supervisão de Lizzy Martins VÍDEOS: Destaques Terra da Gente Veja mais conteúdos sobre a natureza no Terra da Gente

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