Fenômeno alterou a qualidade do ar tanto na capital, quanto no interior do Amazonas, o que tem afetado a rotina e saúde da população.
Fumaça que encobre Manaus afeta rotina da população Sabrina Rocha/g1 AM A fumaça das queimadas no sul do Amazonas tem tomado conta de Manaus e afetado diretamente a rotina e saúde da população.
O fenômeno alterou a qualidade do ar tanto na capital, quanto no interior do Amazonas, com registro de altos níveis de poluição. Nesta semana, uma massa de ar do sudoeste do país chegou a alguns municípios do interior do estado, mudando a direção dos ventos e arrastando toda a "nuvem" de fumaça para a região metropolitana. Participe do canal do g1 AM no WhatsApp Em Manaus, o nível de poluição variou entre o que é considerado "muito ruim" e "péssimo" na quarta-feira (28).
Um dos pontos turísticos da cidade, a Ponte Jornalista Phelippe Daou, mais conhecida como Ponte do Rio Negro, continuou encoberta com uma grande concentração de fumaça. O cenário tem refletido na saúde da população, que sofre com os impactos negativos dos fenômenos climáticos, como é o caso do autônomo Antônio Nascimento.
Para ele, que trabalha vendendo refeições próximo a travessia da ponte há cinco anos, a principal dificuldade tem sido lidar com os problemas respiratórios causados pela inalação da fumaça. "A gente vai levando, já que tem que se acostumar, mas eu estou muito "atacado" de tosse, gripe, garganta.
[Em casa], tenho feito inalação e tomado alguns medicamentos, como remédio caseiro para aliviar os sintomas". Desde a chegada do fenômeno, o ventilador tem sido um aliado na tentativa de dissipar a densa neblina que vem das queimadas na Amazônia.
Em meio ao cenário, o autônomo diz que a fumaça também trouxe impactos financeiros com a diminuição de clientes.
"Não tem pra onde correr", afirmou. Autônomo relata dificuldades para trabalhar devido a fumaça que encobre Manaus Sabrina Rocha/g1 AM O mototaxista Alisson Fabrício também tem sofrido com a exposição diária à poluição.
Ele faz rotas diárias na região metropolitana de Manaus e relatou enfrentar dificuldades respiratórias, assim como constante irritação nos olhos e ressecamento de nariz e garanta por conta da fumaça. Ao g1, Alisson relatou que ultimamente tem sido frequente transportar passageiros para unidades hospitalares com sintomas de problemas respiratórios. "Inclusive, eu levo quase todo dia pessoas para os SPA (Serviço de Pronto Atendimento) da "vida", principalmente, crianças.
Inclusive as minhas filhas também estão todas assim por causa da fumaça". Para o mototaxista, a "onda" de fumaça deste ano se iguala ao que aconteceu no ano passado, onde Manaus chegou a ser considerada a Capital do Brasil com a pior qualidade do ar, conforme o relatório Mundial da Qualidade do Ar. A fumaça tem causado problemas nos municípios do interior, como Lábrea e Boca do Acre.
Devido ao forte "nevoeiro" que cobre o céu de ambas as cidades, as aulas nas escolas das redes estaduais tiveram que ser interrompidas, no turno da matutino, segundo a Secretaria de Estado de Educação e Desporto Escolar (Seduc-AM). O geógrafo e superintendente do Ibama no Amazonas, Joel Araújo, reafirmou ao g1 que a fumaça é causada por queimadas feitas por pecuaristas. "A fumaça sobe a partir das queimadas para formação de pasto na pecuária e são deslocadas para as regiões urbanizadas por massas de ar que são um fenômeno normal na climatologia amazônica", disse Joel. Município de Lábrea, no interior do Amazonas, encoberto por fumaça na quarta-feira (28). Reprodução Emergência Ambiental O Amazonas está em emergência ambiental devido aos focos de calor.
Ao todo, são 22 dos 62 municípios do estado nessa situação.
Segundo o estado, durante o período de 180 dias está proibida a prática de fogo, com o sem uso de técnicas de queima controlada. Em julho de 2024, o Amazonas bateu um recorde no número de queimadas, segundo dados do Programa de BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O estado contabilizou 4.241 focos de incêndio durante todo o mês, sendo o maior número desde 1998, quando o órgão começou a monitorar as queimadas na Amazônia. O cenário atual é semelhante ao do ano anterior, quando o Amazonas registrou mais de 20 mil queimadas ambientais. Enfrentamento das queimadas O Corpo de Bombeiros informou que está atuando desde junho no sul do Estado, por meio da Operação Aceiro.
De acordo com a Sema, entre 3 de junho e 9 de agosto, as equipes combateram mais de 5 mil focos de incêndios. Além disso, o governo do estado informou que o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) e a Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM) também têm trabalhado no combate às queimadas na região. Combate às queimadas no Amazonas: 1.098 focos registrados nas últimas 48 horas