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Suspeito de assassinato entregou relógios e R$ 750 mil para comprar liberdade, aponta investigação sobre venda de sentenças no TO

Postado em 29 de Agosto de 2024


Após ganhar liberdade, suspeito ficou um ano e meio foragido até ser preso novamente e condenado.

Venda de decisão teria envolvido advogados e juiz, além de um desembargador e o filho dele.

Tribunal de Justiça do Tocantins Divulgação/TJ TO A investigação da Polícia Federal apurou que a suposta organização criminosa suspeita de intermediar a venda de decisões judiciais teria recebido R$ 750 mil e três relógios de uma marca de luxo para revogar a prisão de Bruno Teixeira da Cunha, em 2020.

Neste caso, a PF encontrou indício de possível envolvimento de advogados, de um juiz e de um desembargador. As informações constam na decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que autorizou a operação Máximus, no dia 23 de agosto.

A investigação da Polícia Federal apura os crimes de corrupção ativa, exploração de prestígio, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Bruno Teixeira da Cunha tinha sido preso em fevereiro de 2020 suspeito de envolvimento da morte do empresário Elvisley Costa de Lima.

O crime aconteceu na Avenida Palmas Brasil, em Palmas. Na época, o Ministério Público Estadual foi contra a liberdade, mas o juiz Marcelo Eliseu Rostirolla, que estava com o caso, decidiu soltar Bruno afirmando que embora existissem fortes indícios de participação, o réu se apresentou espontaneamente e “demonstrou que pretende colaborar” e a liberdade só deveria ser restringida em caso de “extrema necessidade.” Para a investigação essa decissão é considerada suspeita.

Segundo consta na decisão do STJ, o deferimento da liberdade aconteceu “de forma tão atípica" que "causou grande repercussão na imprensa local.” LEIA MAIS Desembargador afastado é apontado como ‘principal vínculo’ entre investigados em suposto esquema de venda de sentenças Justiça revoga pedido de prisão contra suspeito de envolvimento na morte de empresário na Avenida Palmas Brasil Filho de desembargador e advogado são presos em operação que investiga suposta venda de sentenças no Tocantins Bruno Teixeira é acusado de mandar matar empresário em Palmas Reprodução/TV Anhanguera Depois de ser solto, Bruno fugiu do estado e só foi preso um ano e meio depois, em Balneário Camboriú (SC).

Em 2023 ele foi condenado a 22 anos de prisão. Durante as investigações sobre as supostas vendas de sentenças, Bruno Teixeira foi ouvido pela PF e contou que se encontrou pessoalmente os advogados Tiago Sulino, preso durante a operação Máximus, e Robson Moura Figueiredo Lima, presidente do Instituto de Terras do Tocantins exonerado nesta quarta-feira (28), com quem teria negociado sua liberdade.

"Afirma que foi procurado por uma pessoa que informou que o investigado T.

S.

[Tiago Sulino] teria a solução para sua questão e, após reunir-se com ele e com o investigado R.

M.

F.

[Robson], negociou o valor de um R$ 1 milhão pela liberdade, sendo certo que conseguiu sacar o valor de R$ 200.000,00 naquele mesmo dia e comprometeu-se a pagar o restante em seguida." Após o pagamento ele teria se reunido novamente com os advogados, em uma sala no Fórum de Palmas, onde supostamente teria sido apresentado pessoalmente ao juiz do caso.

Em outro trecho da decisão, Bruno Teixeira detalhou o suposto envolvimento de Thales André Pereira Maia e seu pai, desembargador Helvécio de Brito Maia Neto. “O depoimento de B.

[Bruno] traz inúmeros outros elementos, inclusive da participação do envolvido T.[Thales] e de seu pai, o Desembargador H.

[Helvécio].

Afirma que T.

esteve pessoalmente em sua casa, para cobrar o restante do dinheiro prometido e inclusive levou relógios e lotes seus, como forma de pagamento, sendo certo que os lotes seriam destinados ao pai de T., o desembargador H.” Os relógios citados são da marca de luxo Hublot.

A decisão não diz quais os modelos teriam sido repassados, mas os produtos da marca são vendidos com preços que podem passar de R$ 150 mil.

Thales também foi preso preventivamente durante a operação Máximus, suspeito de ser operador do suposto esquema.

O g1 procurou os advogados de Helvécio Maia e do filho Thales, mas não houve resposta até a publicação desta reportagem.

O advogado de Tiago Sulino disse que ira "se manifestará nos autos do procedimento que corre em sigilo".

O Tribunal de Justiça do Tocantins foi procurado, mas também não se manifestou.

Ainda não conseguimos contato com a defesa de Robson Moura Figueiredo Lima e do juiz Marcelo Eliseu Rostirolla. Operação Máximus A operação Máximus investiga suposto esquema de venda de sentenças no judiciário do Tocantins.

O desembargador Helvécio de Brito Maia Neto e o juiz José Maria Lima, ouvidor do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), foram afastados dos cargos pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Durante a operação, o filho do desembargador Helvécio, Thales André Pereira Maia, foi preso preventivamente.

Além dele, o advogado Thiago Sulino de Castro também foi um dos alvos dos mandados de prisão.

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