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'O que está acontecendo com a polícia brasileira?', questiona mãe de estudante de medicina de 22 anos morto pela PM em SP

Postado em 20 de Novembro de 2024


Marco Aurélio Cardenas Acosta, de 22 anos, foi assassinado com tiro à queima-roupa em hotel na Vila Mariana, Zona Sul da capital.

Polícia alega que ele teria dado um tapa no retrovisor da viatura e fugido da abordagem; agentes envolvidos foram afastados de suas funções.

Família de Marco Aurélio Cardenas Acosta em frente ao cemitério Reprodução/TV Globo A mãe do estudante de medicina morto pela Polícia Militar nesta quarta-feira (20) durante uma abordagem na Zona Sul da capital paulista acredita que tenha havido xenofobia na ação e diz que “qualquer mãe vai se revoltar” ao ver o filho “caído, com suas mãos tentando se defender, e o policial dando um tiro na barriga”.

“O que justifica matar um menino de 22 anos, caído, e que ainda está sem camiseta, que não tem onde ocultar uma arma? O que está acontecendo com a polícia brasileira?”, questiona Silvia Mônica Cardenas Prado. “Estou indignada.

Nunca pensei chorar assim, mas estou com raiva e sinto uma tristeza tão grande…” Clique aqui para se inscrever no canal do g1 SP no WhatsApp Silvia e o marido, Julio Cesar Acosta Navarro, são peruanos naturalizados brasileiros.

O filho, Marco Aurélio Cardenas Acosta, de 22 anos, nasceu no Brasil, mas tinha traços estrangeiros. “Um tiro que meus colegas médicos disseram que foi dado para matar, porque foi direto na [veia] ilíaca.

Meu filho chegou sangrando, não tinha como salvar, e os policiais sabem onde disparar.

Poderiam ter disparado no braço, na perna, de lado, para romper um fígado, um baço, mas não.

Ele disparou no meio porque ele queria matar o meu filho”, afirma a mãe, que é médica, assim como o esposo. “E eles conseguiram matar, sim.

Mataram minha família, meu esposo, mataram meus filhos.

Que confiança eu vou ter agora? Daqui para frente? O que nós, como cidadãos decentes, fizemos para a polícia para fazerem isso? O que justifica disparar?” O primeiro a chegar ao local do crime foi o pai, Julio Cesar.

“Fui lá, tinha 15 policiais, quatro viaturas.

Ninguém me dava explicação, ninguém queria me levar ao hospital, todo mundo escondendo, cabo por aí, sargento por aí, tive que correr ao hospital, tive que correr ao Centro de Emergência e apareceram mais policiais.” Julio Cesar chegou a ver o filho com vida.

“Ele estava sofrendo, dizia: ‘Pai, me ajuda, pai, me ajuda’.

A única coisa que me dizia, a única coisa que podia dizer.” Silvia chegou depois ao hospital e conta que não autorizaram que ela visse o filho.

"Eu falei que queria ver antes de ele morrer.

Eu sou intensivista.

Eu sei o que significa um tiro na [veia] ilíaca.

Eu supliquei: 'Me deixa entrar, sou médica'.

Eu sei que não é um benefício, mas eu sei entrar na sala de emergência.

Ninguém me deixou entrar." PM mata estudante de medicina com tiro à queima-roupa na Vila Mariana, Zona Sul de SP O crime Os policiais militares envolvidos no assassinato do estudante de medicina na madrugada desta quarta-feira (20) foram afastados de suas funções até o final das investigações.

A informação foi confirmada pela Secretaria da Segurança Pública (SSP). A pasta ainda divulgou que os PMs prestaram depoimento e foram indiciados em inquérito (leia mais abaixo). Marco Aurélio cursava medicina na Universidade Anhembi Morumbi.

Ele foi morto com um tiro à queima-roupa, na escadaria de um hotel na Rua Cubatão, na Vila Mariana, Zona Sul de São Paulo.

A ação foi registrada por uma câmera de segurança, por volta das 2h50. Os PMs Guilherme Augusto Macedo e Bruno Carvalho do Prado estavam em patrulhamento pelo bairro quando Marco Aurélio teria dado um tapa no retrovisor da viatura e fugido.

Segundo o boletim de ocorrência, o jovem correu para o interior do Hotel Flor da Vila Mariana, onde estava hospedado com uma mulher.

Os policiais relataram que ele estava bastante alterado e agressivo. Nas imagens, é possível ver que o jovem entrou no saguão do hotel sem camisa e foi perseguido pelos policiais.

Um dos agentes tentou puxar Marco Aurélio pelo braço, enquanto o outro o chutou.

Durante a confusão, o PM Guilherme atirou na altura do peito do estudante.

No boletim de ocorrência, os policiais alegaram que o jovem teria tentado pegar a arma de Bruno. Ele foi socorrido e encaminhado ao Hospital Ipiranga, onde teve duas paradas cardiorrespiratórias e passou por uma cirurgia.

Contudo, ele não resistiu aos ferimentos e morreu por volta das 6h40. O caso foi registrado no Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) como morte decorrente de intervenção policial e resistência. Durante a abordagem, os policiais estavam com as câmeras corporais acopladas ao uniforme, porém o equipamento não foi acionado, de acordo com o BO. Procurado pelo g1, o hotel preferiu não comentar o caso. Estudante de medicina é morto com tiro à queima-roupa pela PM na Vila Mariana Reprodução O que diz a SSP "As polícias Civil e Militar apuram as circunstâncias da morte de um homem de 22 anos, ocorrida na madrugada desta quarta-feira (20), na Vila Mariana, na capital paulista.

Os policiais envolvidos na ocorrência prestaram depoimento, foram indiciados em inquérito e permanecerão afastados das atividades operacionais até a conclusão das apurações. Na ocasião, o jovem golpeou a viatura policial e tentou fugir.

Ao ser abordado, ele investiu contra os policiais, sendo ferido.

O rapaz foi prontamente socorrido ao hospital Ipiranga, mas não resistiu ao ferimento.

A arma do policial responsável pelo disparo foi apreendida e encaminhada à perícia.

As imagens registradas pelas câmeras corporais (COPs) serão anexadas aos inquéritos conduzidos pela Corregedoria da Polícia Militar e pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP)." Estudante de Medicina Marco Aurélio e o pai Reprodução/Arquivo pessoal

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