Busca por refeições mais saudáveis acelerou aumento, trazendo desafios e oportunidades para empreendedores.
Para economista, crescimento não é sustentável a longo prazo.
Marmitas depositphotos Um levantamento feito pelo Sebrae-SP revelou que o mercado de marmitarias está em alta na região de Campinas (SP), com Hortolândia (SP) na liderança quando o assunto são novos negócios.
Isso porque, entre 2018 e 2023, a cidade teve alta de 9.683% nesse tipo de comércio. Receba as notícias da sua região no WhatsApp De acordo com a avaliação do economista, professor e pesquisador do Observatório PUC-Campinas Paulo Oliveira, o início da pandemia foi o primeiro passo desse crescimento, já que muitos empreendedores buscaram novos negócios por necessidade.
“Muitas pessoas perderam o emprego e precisaram empreender para sobreviver.
Além disso, o fechamento de restaurantes e o aumento do consumo por delivery aqueceram a demanda por marmitas, que são uma opção acessível e prática”, diz. Além dos impactos decorrentes da pandemia, Oliveira aponta que a queda do poder de compra impulsionou o mercado.
“Com preços médios em torno de R$ 20, as marmitas se tornam uma alternativa mais barata para quem não pode gastar muito com alimentação fora de casa”, afirma. O economista também destaca que o setor possui baixa barreira de entrada, ou seja, não exige grandes investimentos ou conhecimentos técnicos, facilitando a abertura de novos negócios. Cenário regional Os dados do Sebrae-SP revelam que, em Hortolândia, o total de marmitarias passou de 6 para 587 no período.
Considerando somente os três primeiros meses deste ano, a cidade já soma 582 estabelecimentos dedicados a marmitas. Já em Campinas, a alta foi de 778,9% entre 2018 e 2023, passando de 299 para 2.628 estabelecimentos.
Nos três primeiros meses de 2024, o levantamento contabiliza 2.654 marmitarias em funcionamento. Na região de Piracicaba, que enfrenta dinâmicas parecidas, o setor também está em alta.
O crescimento acumulado foi de aproximadamente 617,65% (ou seja, crescimento de sete vezes), com uma taxa média de crescimento anual de cerca de 39% nas 39 cidades da região.
Empreender em um mercado em alta Empreendedoras como Katia dos Santos, proprietária da Marmitaria Aliança Doca, e Aline Pereira, da Marmitaria Sabor de Casa, confirmam essa tendência.
Katia, que começou o negócio em 2022, conta que a decisão foi motivada pela necessidade de renda.
“Eu saí do meu trabalho e resolvi empreender.
No começo, foi difícil conquistar clientes, mas perseverei e hoje vendemos cerca de 120 marmitas por dia”, diz. Marmitaria Aliança Doca em Hortolândia Katia dos Santos Aline Pereira é nutricionista e abriu uma marmitaria há nove meses.
Ela relata desafios semelhantes, relacionados à oscilação de vendas e dificuldade de encontrar mão de obra.
“Tem semanas boas e outras muito fracas, e os custos com insumos só aumentam.
Além disso, está cada vez mais difícil contratar pessoas para ajudar”, afirma. Apesar das dificuldades, as duas concordam que o segredo do sucesso está na qualidade do serviço.
“Entregar o melhor para o cliente é essencial.
Comece com pouco, pesquise e ofereça sempre o seu melhor”, aconselha Katia. Sustentabilidade do crescimento Embora o setor continue aquecido, o economista Paulo Oliveira acredita que a taxa de crescimento não é sustentável a longo prazo. “Esse boom foi provocado por um contexto específico: pandemia, desemprego e queda de renda.
Com a estabilização da economia, é provável que o mercado se consolide e o crescimento diminua”, analisa. Ele também alerta para os desafios impostos pela concorrência com grandes redes.
“Restaurantes estruturados podem redirecionar suas operações para o delivery, disputando diretamente com as marmitarias menores”, diz. Dieta, alimentação saudável, marmita Ella Olsson/Pexels Para quem quer começar Apesar das dificuldades, tanto Katia quanto Aline incentivam novos empreendedores a ingressar no setor, desde que com planejamento.
“Meu conselho é começar pequeno, com equipamentos usados, e investir no relacionamento com os clientes.
Eles voltam quando você entrega qualidade e bom atendimento”, orienta Katia. Aline reforça a importância de estudar antes de abrir o negócio.
“Busque conhecimento, elabore cardápios equilibrados e mantenha um padrão de qualidade.
Não é fácil, mas com persistência é possível crescer”, finaliza. Marmitarias atraem trabalhadores na hora do almoço *Estagiária sob supervisão de Gabriella Ramos. VÍDEOS: tudo sobre Campinas e região Veja mais notícias sobre a região no g1 Campinas