Operação Integration apura suposto esquema de lavagem de dinheiro proveniente de jogos ilegais.
Juíza deu novo prazo para órgão se pronunciar e encaminhou caso à Procuradoria-Geral de Justiça do estado.
Documentos coletados na Operação Integration mostram movimentação de empresa no exterior O promotor de Justiça Roberto Brayner, responsável por acompanhar as ações da Operação Integration — que apura um suposto esquema de lavagem de dinheiro e jogos ilegais e que tem, entre os investigados, Deolane Bezerra e Gusttavo Lima —, disse à TV Globo que o inquérito tem "lacunas" que precisam ser preenchidas.
Ele afirmou também que ainda não analisou a parte do relatório que trata das contas da empresa Esportes da Sorte, uma das "bets" investigadas", no exterior. Receba as notícias do g1 PE no WhatsApp “São movimentações de fato significativas e é evidente que isso pode configurar outros ilícitos e aí a gente está falando do inquérito que precisa ter um link disso com o jogo do bicho, com esse inquérito.
Isso pode configurar, de repente, uma sonegação fiscal, evasão de divisas, outros crimes", afirmou o promotor, que coordena o Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) do MPPE. A declaração foi dada depois que a juíza Andréa Calado, da 12ª Vara de Justiça de Pernambuco, deu um novo prazo de cinco dias para o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) se pronunciar sobre o caso e negou o pedido de arquivamento de investigação, determinando o envio do processo para o procurador-geral de Justiça, Marcos Antônio Matos de Carvalho.
Esta é a primeira vez que um representante do órgão fala publicamente sobre o assunto. "Em relação à empresa Esportes da Sorte e a seus sócios, a gente entende que é preciso aprofundar as investigações para averiguar precisamente se há uma mescla, uma mistura, e as pessoas que eventualmente tenham colaborado com isso.
Há necessidade de aprofundar”, afirmou Roberto Brayner. Documentos que fazem parte da investigação da Operação Integration obtidos pela TV Globo mostram a movimentação financeira da empresa Esportes da Sorte no exterior. A documentação informa que a Polícia Civil de Pernambuco solicitou a quebra do sigilo bancário internacional no mês de outubro e mostra que há cerca de duas semanas dois bancos do Reino Unido aceitaram o pedido do Departamento de Recuperação de Ativos de Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça e Segurança Pública do Brasil. Uma das instituições financeiras é o Capital International Bank, nas Ilhas Man, no mar da Ilrlanda, que pertencem ao Reino Unido.
Nesse banco foram bloqueados 10 milhões de euros.
A outra instituição é o One UK, com sede na Inglaterra.
Nele, foram bloqueados 19 milhões de euros. No documento em que solicitou os bloqueios, o Ministério da Justiça diz que as contas investigadas pertencem à Sports Entretenimento e Promoção de Eventos Esportivos (HSF Entretenimento/Esportes da Sorte), HSF Gaming NV e Darwin Henrique da Silva Filho. LEIA TAMBÉM Operação Integration: apreensão de R$ 180 mil em banca de jogo do bicho iniciou investigações Dono da Esportes da Sorte sai da prisão no Grande Recife após 20 dias; VÍDEO MPPE pede novas diligências e recomenda substituir prisão por outras medidas cautelares Darwin Filho é um dos sócios da Esportes da Sorte e um dos 18 presos na Operação Integration, que foi deflagrada em 3 de setembro em cinco estados do Brasil: Pernambuco, Paraíba, Paraná, Minas Gerais, São Paulo e Goiás. A polícia diz que o Grupo Esportes da Sorte e o beneficiário final, Darwin Filho, seriam cúmplices de lavagem de dinheiro por permitirem que grupos ligados ao crime organizado utilizassem suas plataformas de jogos eletrônicos para apostas ilegais.
A empresa estaria envolvida por ter sido usada para lavar dinheiro do crime. Investigação da Polícia Civil de Pernambuco aponta movimentação de 485 milhões de euros em um ano pela Esportes da Sorte Reprodução/TV Globo De acordo com a investigação, as contas criadas pela Esportes da Sorte no exterior movimentaram em um ano um valor equivalente a 485 milhões de euros, oriundos de jogos de azar ilegais, que teriam utilizado vários setores da empresa, incluindo eventos, publicidade e seguros para facilitar colocação dos fundos. Para a polícia, os donos da Esportes da Sorte, os irmãos Darwin Henrique da Silva Filho e Marcela Tavares Henrique da Silva, abriram em Luxemburgo, pequeno país europeu vizinho da Bélgica e considerado um paraíso fiscal, a empresa Alpharise Investiments SPF, que se tornaria acionista de 100% da HSF Gaming N.V.
num futuro próximo. A Procuradoria Geral de Justiça informou à TV Globo que ainda não recebeu o processo da Operação Integration que foi encaminhado pela 12ª Vara de Justiça de Pernambuco. O que diz a Esportes da Sorte Em resposta à TV Globo, a Esportes da Sorte afirmou por meio de nota que “os valores foram bloqueados de forma ilegal e sem prévia oitiva do Ministério Público de Pernambuco”.
De acordo com a empresa, cinco promotores assinaram uma manifestação em que "criticaram com veemência a decisão da Justiça, que, como diversas vezes, foi tomada à revelia daquele órgão”. No texto, a casa de apostas cita valores diferentes dos que aparecem nos documentos da investigação. “Os valores foram encontrados em um banco situado na Ilha de Man, em valor aproximado de € 3.200.000,00 recebidos e mantidos regularmente em nome da empresa HSF Gaming N.V, que explorou a marca Esportes da Sorte no Brasil até o deferimento de licença pela autarquia carioca (LOTERJ)”, diz o texto enviado pela Esportes da Sorte.
A empresa disse, ainda, que confirma “a licitude dos valores”, que são de conhecimento do Banco Central por meio de formulários de informações de capital brasileiro no exterior e “encontram-se devidamente declarados, cumprindo todas as formalidades legais”. Também informa que as cotas da empresa estão devidamente informadas nas declarações de Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF) dos controladores e que não há ilegalidade ou ocultação de patrimônio. “A Esportes da Sorte, como era de se esperar, teve sua legalidade, mais uma vez, reconhecida em diversos pareceres exarados pelo Ministério Público, o que já possibilitou, em recente decisão do Tribunal de Justiça de Pernambuco, até mesmo o retorno do seu CEO, Darwin Henrique da Silva Filho, à administração da mesma.
Causa-nos estranheza que a referida decisão, sigilosa, tenha sido disponibilizada pela autoridade policial.
Vale frisar que tivemos conhecimento da decisão pela mídia”, afirma a nota. VÍDEOS: mais vistos de Pernambuco nos últimos 7 dias